mardi 30 septembre 2008

Le parfum

O olfato não é meu sentido mais apurado. Jamais foi. Aliás, abstraio eflúvios de uma forma irritante. São raras às vezes em que consigo perceber fragrâncias nas pessoas, sobretudo nos garotos com quem fiquei.
Incrível... Parece que minha concentração olfativa se dispersa e essa informação deixa de ser armazenada pelos neurônios. O que gera grande frustração à minha irmã que sempre quer saber se as pessoas são, ou não, cheirosas.
Em compensação, tratando-se de miasmas (fedor), aí sim, o funcionamento dos meus orifícios nasais se mostra pleno. Por sinal, isso transforma as “viagens” de ônibus, à universidade, em um verdadeiro tormento estomacal.
Claro, é preciso ter um bom organismo para suportar, de 20 a 40 minutos, a aglomeração de pessoas e os mais variados odores: passando de hálitos cansados (de um dia de trabalho) ao hircismo; em um ambiente com o mínimo de ventilação. Sem contar com ocasiões, nada esporádicas, em que algum cidadão presenteia a todos com sua flatulência. C’est terrible!
Todavia, não é para o lado negro que desejo levar o assunto. A questão é que depois de uma noite prematura de sono, e uma película francesa que tinha le parfum como pano de fundo, despertei-me confabulando sobre os efeitos causados pelos aromas.
Há algumas semanas, troquei meu perfume de uso diário. Parecia que ele já não combinava com minha personalidade. Acabei usando uma antiga fragrância que pertencia a minha irmã, mas não era sua favorita.
Para minha surpresa, houve, com isso, uma considerável mudança também em meu humor. Senti-me mais leve e confiante. Parece que todo o frescor da essência fôra decodificado em uma sensação de liberdade. No entanto, esse precioso liquido chegou ao fim, super rápido (ok, havia menos de 1 ml no frasco), e a rotina me fez desprezar aquela alteração (de humor).
Então, na última quarta-feira, la Professeur de Français resolveu presentear ses étudiants com a apresentação do filme Prête-moi ta Main (empresta-me tua mão), traduzido como: A noiva perfeita, do diretor Eric Lartigau.
A narrativa é a respeito de um homem (Alain Chabat) que, pressionado pela família à arrumar uma esposa, contrata a irmã do amigo (Charlotte Gainsbourg) para fingir-se de noiva e evitar assim o fervor casamenteiro da mãe e das cinco irmãs.
O roteiro é engraçadinho e, sendo em francês, ganha toda a minha simpatia. Porém, não é por ele que escrevo, mas pelo que está por trás.
O protagonista, depois de uma desilusão amorosa na adolescência, transforma-se em un parfumeur (perfumista?) ou, como ele mesmo classifica, em le nez (o nariz), ao tentar reconstruir a essência de sua amada, que foi embora deixando (a ele) apenas uma écharpe.
Fôra esta história que me fez lembrar de minha própria adolescência. Não que eu tenha deixado alguma écharpe com alguém ou, pior, ficado com uma. E sim por ser identificada e sempre comentada pelo aroma que exalava de minha vasta cabeleira. Tanto que, ainda hoje, algumas pessoas lembram e perguntam a respeito do meu xampu, que foi por muito tempo quase que a minha marca.
O que me leva a crer que um simples aroma pode transformar a vida das pessoas, gerando significados que extrapolam a própria essência. E, apesar disso, muitas vezes, não nos damos conta deste fator, nem nos dedicamos em nossas escolhas. Se bem que, desconfio que são os perfumes que nos escolhem e não o contrário. Afinal, uma mesma fragrância, em peles distintas, muda completamente seu olor, isn’t it?

Ilustração:
Bebel Callage

P.S.: encotrei, no youtube, o filme completo (porém, sem legenda). Quem quiser se arriscar, e dar uma olhada, é só seguir a numeração dos "
capítulos". Bonne chance!

dimanche 21 septembre 2008

Administração familiar

Eu arrisquei. Juro que me esforcei. Estava até com umas idéias interessantes, embora não tivesse decidido ainda qual a melhor forma para abordá-las. Mas a realidade está no meu encalço. Nem adianta tentar fugir para a literatura, pois, ela me persegue; me acompanha até nos momentos mais íntimos. Fica atiçando meus neurônios com seus orçamentos, metas e balanços, para que eu adicione um novo déficit ao meu cotidiano: o de atenção.
Admito que, no colégio, adorava matemática. No entanto, viver em meio aos números nunca fez minha cabeça. Agora, eles não saem dela. Em pouco tempo estarei sonhando com planilhas. Notinhas amarelas me arrepiam.
Quero mais C nos extratos bancários e menos D na vida. Sem esquecer, claro, de outrem para cuidar das contas. Administração familiar não é para mim. Formei-me em jornalismo, o currículo era outro.
Ok. Não tenho escapatória, não é? Ao menos posso fazer um último pedido?
Deus, na próxima encarnação, por favor, me traga ao mundo em um corpo masculino: inteligente, belo e sedutor e com um ótimo saldo no banco. Sem esquecer de um pequeno, mas importante detalhe: para que eu não seja alvo de moçoilas casadoiras ou mulheres raivosas, por óbvio, me faça gay. Merci!

Ilustração: Orlanderli

vendredi 19 septembre 2008

Calma...

La Edad Del Cielo - Jorge Drexler

No somos más
que una gota de luz,
una estrella fugaz,
una chispa, tan sólo,
en la edad del cielo.

No somos lo
que quisiéramos ser,
solo un breve latir
en un silencio antiguo
con la edad del cielo.

Calma,
todo está en calma,
deja que el beso dure,
deja que el tiempo cure,
deja que el alma
tenga la misma edad
que la edad del cielo.

No somos más
que un puñado de mar,
una broma de Dios,
un capricho del Sol
del jardín del cielo.

No damos pie
entre tanto tic tac,
entre tanto Big Bang,
sólo un grano de sal
en el mar del cielo.

Composição: Jorge Drexler



Ilustração: Bebel Callage

vendredi 12 septembre 2008

Aos que moram perto de nós

Já passa de uma da manhã e minha vizinha decide cozinhar. Não bastasse o odor da comida, posso ouvi-la revirar o alimento na panela. O barulho e o cheiro são de fritura. Há algo com alho também, não sei ao certo. A cozinha nunca foi meu ambiente preferido. Pelo visto, nem o dela, já que o fogão fica do lado de fora do apartamento. Aliás, é exatamente por isso que consigo ouvir e sentir tudo o que ela faz, ainda que eu esteja, em meu quarto, há duas peças de distância e um andar acima do local onde ela cozinha, no prédio ao lado. Maldita janela aberta ou serão meus sentidos excessivamente aguçados?
Se bem que não posso reclamar. O dia foi tranqüilo. Não me droguei, por tabela, como de costume, ao entrar no banheiro. Sabe como é, o vizinho de baixo adora uma marihuana. E, mais do que isso, seu local preferido para acender um baseado é o toilette. Só pode ser, porque é de lá que vem aquele aroma tão "agradável" que empesteia a casa toda. Às vezes fico pensando que se fosse chegada no bagulho nem precisaria gastar dinheiro ou me arriscar em bocas-de-fumo. Bastaria colocar a cara no exaustor e pronto. Seria uma maravilha, não?
Fora isso, posso dizer até que eles são legais. Quase sempre retribuem os cumprimentos, embora as moças tenham o habito de fechar a porta na cara de qualquer pessoa, sem esperar um milésimo de segundo por quem está atrás. Pobrezinhas, vivem tão apressadas. Exceto, claro, quando faço a gentileza de segurar o portão. Aí sim, elas podem desfilar com toda a calma e charme que deus lhes concebeu. Quem mandou ser educada? Ninguém pediu para esperar, agora agüenta!
É preciso ter tolerância para viver em um edifício. Saber que os outros não são os únicos com manias irritantes. Sei que também faço barulhos. Sobretudo quando decido limpar a casa de madrugada, ainda que minhas faxinas sejam raras. Pois é, ninguém escapa. Então, o melhor a fazer é relaxar, fechar a porta e ligar o som bem baixinho. Quem sabe isso me ajude a ir para cama ou, ao menos, atualizo o Arquivos.

Ilustração: Bebel Callage.

mercredi 10 septembre 2008

Eu não sou tua coisa

Ok. Eu sei que estou “musical” demais, nos últimos tempos. Prometo um texto meu em breve. Mas, amo essa chanson. Não poderia deixar de colocá-la aqui, sobretudo depois de tê-la encontrado no youtube (ainda que o “vídeo” seja, de fato, uma coisa. Que, graças a Deus, não é minha). Espero que gostem.

Je ne suis pas ta chose - Camille Dalmais*

Un ballon crevé sur la route
Le train que l'on vient de rater
Je suis la branche qui s'arque boute
La pluie sur la vitre brisée

Voilà où me mène ton petit jeu
Ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose
La fille sur qui tu poses
Tes mains

J'aurais voulu être ta muse
Ton idole ou ta dulcinée
Mais je serai la porte close
La bague qu'on oublie de porter
La photo qu'on a déchirée
Voilà où nous mène ton petit
Je ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose
Non non non non
Je ne suis pas ta chose
La fille sur qui tu poses
Tes mains

J'aurais préféré ta bouche
A mon corps indigo sous tes coups

Je ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose
Non non non non non non
Je ne suis pas ta chose
La fille sur qui tu poses
Tes mains
Je ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose

Je ne suis pas ta chose
La fille sur qui tu poses
Tes mains
Je ne suis pas ta chose
Je ne suis pas ta chose
Non non
Je ne suis pas ta chose
La fille sur qui tu poses

Je ne suis pas ta chose
{Ad lib}

* 2002 "Le Sac Des Filles"


Ilustração: Moidsch

samedi 6 septembre 2008

Um minuto

Comer,
sem degustar.
Dormir,
sem descansar.
Beber,
sem a sede saciar.

Sair,
sem se animar.
Fugir
e aqui ficar.
Falar
(já) não vai adiantar.

Acabou.
Nem ela lhe restou.

SILÊNCIO!

Aqui jaz a Esperança.
(por Ingrid Guerra)


Ilustração: Gracjana - Woman in action*
(o site não existe mais, eu acho)

jeudi 4 septembre 2008

Quinta a noite...

Foundations - Kate Nash

Thursday night, everything's fine, except you've got that look in your eye
When I'm telling a story and you find it boring,
You're thinking of something to say.
You'll go along with it then drop it and humiliate me in front of our friends.

Then I'll use that voice that you find annoying and say something like
"Yeah, intelligent input, darling, why don't you just have another beer then?"

Then you'll call me a bitch
And everyone we're with will be embarrassed,
And I won't give a shit.

My fingertips are holding onto the cracks in our foundation,
And I know that I should let go,
But I can't.
And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't.

You said I must eat so many lemons
'Cause I am so bitter.
I said
"I'd rather be with your friends mate 'cause they are much fitter."

Yes, it was childish and you got agressive,
And I must admit that I was a bit scared,
But it gives me thrills to wind you up.

My fingertips are holding onto the cracks in our foundation,
And I know that I should let go,
But I can't.
And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't.

Your face is pasty 'cause you've gone and got so wasted, what a suprise.
Don't want to look at your face 'cause it's making me sick.
You've gone and got sick on my trainers,
I only got these yesterday.
Oh my gosh! I cannot be bothered with this.

Well, I'll leave you there 'til the morning,
And I purposely won't turn the heating on
And dear God, I hope I'm not stuck with this one.

My fingertips are holding onto the cracks in our foundation,
And I know that I should let go,
But I can't.
And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't.

[x2]

And everytime we fight I know it's not right,
Everytime that you're upset and I smile.
I know I should forget, but I can't.

Composição: Kate Nash / Paul Epworth