mardi 16 avril 2013

A velha história em uma roupagem pós-moderna


Maria amava Pedro, que amava Juçara, que amava Eduardo, que amava Maria. Maria não dava bola para Eduardo e sabia que Pedro amava Juçara. Mas quem pode controlar o amor? Talvez nem mesmo o tempo seja capaz.

Porém, um dia Maria conheceu Arthur que amava Bianca. Mesmo sabendo desse amor, Maria amou Arthur. O resultado disso foi que mais uma vez Maria ficou sozinha, reclamando da sua sorte maldita. Sorte essa que mudaria em breve, ainda que Maria não tivesse como saber disso. A mudança veio por meio de uma amiga que apresentou Mateus à Maria.


Mateus não era fotogênico, mas dava o maior caldo ao vivo e a cores. Maria resolveu dar uma chance a essa relação e convidou Mateus para sair. Eles saíram, ficaram, ficaram, ficaram e um belo dia eles se olharam de um jeito diferente. Ambos estavam apaixonados.  Maria aprendeu a amar Mateus e Mateus aprendeu a amar Maria.

Maria descobriu um mundo novo com Matheus. Descobriu que a felicidade estava nas pequenas coisas e na relação que os dois construíram juntos. Maria finalmente estava feliz. Ela amava muito Mateus e acreditava que Mateus era também louco por ela.



Um belo dia, porém, Mateus saiu do armário. Maria que amava Mateus incondicionalmente viu naquela revelação uma nova possibilidade. Não julgou Mateus por ele ter escondido dela sua homossexualidade. Afinal, antes de esconder dela, ele escondera do mundo e vivia infeliz por isso. Agora, Mateus poderia ser feliz e Maria queria a felicidade e Mateus mais do que tudo. 

Maria acreditava que a revelação de Mateus faria com que a relação deles ficasse ainda mais forte. Começou a rever seus conceitos sobre o amor, sobre relações monogâmicas e sobre tudo o que quase todo mundo acredita que está ratificado.

Maria queria estar com Mateus sempre. Fosse como fosse: como amiga, como amante, como confidente, como aquela para quem ele fosse correr sempre que precisasse de alguém.


Maria acreditou nos desejos que Mateus dizia ter. Mas, quando Maria revelou a Mateus que o aceitava incondicionalmente, Mateus teve medo. Medo de que Maria sofresse além do necessário só para ficar com ele. Então, Mateus resolveu se afastar. Bloqueou Maria nas redes, deixou de convidá-la para sair e evitava ao máximo vê-la. Retomou suas amizades e criou um núcleo só dele, sem o menor espaço para Maria. Enfim, aprendeu a tirar Maria de sua mente.

Maria tentou intensamente reverter aquela situação. Não queria, de forma alguma, perder o vinculo que os unia. Lutava como Joel, de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, para não perder tudo aquilo que havia construído com Mateus.



Mas Mateus estava decidido. Não era para Maria que ele corria quando algo lhe acontecia. Não era mais Maria quem ele chamava para almoçar. Não era com Maria que ele conhecia novos lugares. Maria estava ali, como alguém para quem podia correr, mas alguém a quem ele não queria ver.

Mateus sofria por ver o sofrimento de Maria. Queria que Maria amasse outros, que não desejasse mais vê-lo. Pior, Mateus achava que Maria tinha que sentir raiva dele. E para isso, se fosse preciso, ficaria até com outra menina. Afinal, só isso magoaria Maria definitivamente. Ao ouvir isso Maria ficou ainda mais triste. Achou que talvez Mateus estivesse mesmo pensando em ter novas experiências com mulheres. Talvez até já tivesse um alvo em mente e ela sabia que não teria como evitar isso.

Maria deu seus últimos suspiros de luta. Continuou buscando uma amizade que talvez nem mesmo pudesse existir. Mas a cada encontro percebia um afastamento maior. Uma certa repulsa, sobretudo em público, que a entristecia. 


Porém, foi o descaso com suas histórias que fez com que a ficha caísse. Demorou, mas Maria entendeu. Não existe mais Mateus e Maria: nem como amores, nem como amigos, nem como nada. Afinal se namorada sem amor, é nada. Amor, sem nada, também não é (ex)namorada. O difícil é aceitar e não tentar voltar atrás.