lundi 19 octobre 2009

A dama no espelho:

Trabalhos de aula, às vezes, são bastante interessantes e úteis. Não apenas por nos trazerem informações que jamais buscaríamos senão pela (bendita) tarefa, mas também para atualizar o blog quando você anda sem tempo para isso, devido à quantidade de leituras, provas e trabalhos que tem a fazer. Então, compartilho com vocês a minha parte de um trabalho sobre três contos de Virginia Woolf.


reflexos e reflexões

Virginia Woolf começa seu conto A dama do espelho: reflexos e reflexões, advertindo ao leitor de que não se deve deixar espelhos pendurados em casa. Em seguida apresenta-lhe uma sala. Um cômodo com características humanas às quais refletidas por este espelho se transformam – oferecendo uma realidade mais verdadeira do que a vista no/do local. Se no aposento a vida parece circular, no seu reflexo “as coisas tinham parado de respirar e jaziam imóveis no transe da imortalidade”. Assim, a autora vai indicando o seu ponto de vista de forma metafórica, para revelá-lo mais claramente ao final do conto.
Do espelho é possível ver, além da sala, parte de um jardim no qual a proprietária da casa, a sra. Isabella Tyson, colhe flores. Enquanto isso, alguém a observa fazendo elucubrações sobre sua vida e apresentando-a como uma misteriosa solteirona rica, que viajava muito, possuía diversos amigos e da qual sua mobília saberia mais a seu respeito do que qualquer pessoa. Afinal, comparam-se ali os armários repletos de cartas com os próprios sentimentos, sensações e emoções vivenciadas pela sra. Tyson.
O observador, que na verdade é a própria sala, tenta descobrir o que se encontra nas novas cartas que são depositadas sobre a mesa. Para ele, elas parecem plaquinhas gravadas com a verdade eterna e que se abertas revelariam “tudo sobre Isabella e também sobre a vida”. Ao final, contudo, não será preciso nada disso para se elucidar o mistério. Pois, no percurso de volta para a casa, todas as ilusões sobre a vida daquela senhora vão se desfazendo ao passo de que sua imagem começa a ficar mais lúcida no espelho.
Assim, entendemos que “ninguém deveria deixar espelhos pendurados em casa” pois eles nos mostram a realidade, desnudam os indivíduos que se atrevem a ficar em sua frente. Da mesma forma como toda aquela quimera que se criou em torno da personagem é desfeita quando ela se deixa mostrar pelo espelho.

Ilustração? Bebel Callage

3 commentaires:

Lidiana de Moraes a dit…

Virginia Woolf é legal...

Mrs. Dalloway é denso mas bacana de ser lido!

Ingrid Guerra a dit…

Estamos apenas nos contos por enquanto, mas é legal sim. beijos maninha.

pianistaboxeador21 a dit…

Gosto muito de Virgínia Woolf e de Katherine Mansfield. Há um personagem no mrs Dalloway que eu gostaria de ter criado, o poeta que acaba se matando. Não li este conto ainda, mas vou procurá-lo. Belo texto.
Abraço