Desde muito pequena eu sempre tive um grande problema: encontrar aquilo que eu desejava. Às vezes, eu até achava, mas era impossibilitada financeiramente de adquiri-lo, ou já tinha me cansado de tanta procura. Sem contar que quando eu podia comprar algo, todo mundo já tinha a “coisa” há anos. Se eu ainda continuasse achando legal, até comprava. Se não, continuava me frustrando com outros desejos. Foi um pouco assim que surgiu a idéia de me tornar estilista. Imagina só, eu poder colocar em prática todas aquelas idéias que pipocavam em minha mente? Felicidade suprema! Ainda mais porque eu adorava desenhar. Mas aí veio o vestibular, faculdade pública de moda só em Santa Catarina, e eu definitivamente não tava preparada para uma prova em universidade vocacional. Na parte prática (leia-se desenho) eu mandei tri bem, já nas questões sobre moda e sobre Santa Catarina eu me ferrei bonito. Sem contar que os catarinenses odeiam quem vai pra lá “roubar” as vagas deles. Minha mãe e eu passamos muitas e péssimas, naquela “maravilha de cidade”. O que não me incentivou nenhum pouco a me dedicar aos estudos para o próximo vestibular. Foi assim que fui parar no jornalismo.
E essa história acredito que já andei contando por aqui, mas vale um resumo: achei o máximo ver as pessoas entrevistando, gravando, fotografando e meti na cabeça que meu destino era ser correspondente de guerra. Durante todo o curso procurei fazer as matérias mais barra pesada, visitei presídio, entrevistei michês, fiz os mais variados estágios (em rádio, jornal e TV), li vários livros de guerra e fiz até minha monografia sobre o conflito entre Líbano e Israel (de 06/2006), com pretensões de continuá-la em um mestrado. Tudo, claro, para me preparar para o grande dia. Mas, minha banca foi um pequeno desastre. Depois de todo o sofrimento de análise de 30 edições de um jornal (ninguém em sã consciência analise um corpus tão grande, na graduação) e todas as noites em claro, pra fazer um histórico elogiadíssimo, consegui uns meros 8,9, que não me davam aval nenhum para buscar um mestrado. Além disso, meu estágio de produção de grandes reportagens também foi um desastre, mesmo depois de eu ir a boates barra pesada, sozinha, entrevistar garotos de programa. Tudo porque eu não encontrei um teórico/historiador ou algo que se assemelhe (na verdade eu encontrei, mas o cara tava indo viajar e não me deu a menor bola, quem dirá entrevista) para falar sobre a história dessa classe. Desilusão dobrada e concomitante. Resultado, depressão profunda.
Formada, desempregada, sem nada pra fazer, voltei as origens e entrei em uma pós em moda. Anos de desinformação modística (lembrem, eu queria ir pra guerra) me levaram a participações medíocres, mas limpinhas. Em seguida veio a aprovação e ingresso no curso de letras na UFRGS, com ênfase em tradução-francês (olha onde fui me meter, tenho tremenda dificuldade com línguas e odiava português) e aliando os dois, acabei produzindo meu artigo-final sobre moda e auto-estima, baseado na literatura. Ficou legal até, mas continuação pra quê?
Entre o período da pós e o ingresso na letras, conheci meu excelentíssimo e ele acabou com minhas maiores convicções existenciais. Virei uma mulherzinha chorona (era só dizer que me amava e eu abria o berreiro. Agora, depois de quase 2 anos, superei isso), um tanto consumista (eu era ZERO consumo) e sem a menor noção do que fazer da minha vida - além de amá-lo muito, pra sempre. É claro que a culpa não é dele. Eu já tinha me desiludido absolutamente com a correspondência de guerra depois de tudo o que não deu certo e da falta de emprego. Pra moda, ainda tenho um caminho muito grande a trilhar. E quer saber, eu tenho opiniões muito particulares sobre algumas coisas que os entendidos endeusam e é provável que seja esculachada por minhas heresias. Letras também não é a minha área, eu só entrei lá pra aprender línguas de graça, só que acabei me interessando pelas cadeiras adjacentes. O que não significa que eu quero isso pra minha vida.
Hoje em dia eu sei pouquíssimo sobre o que pode vir a ser meu futuro profissional. Eu sei que sou uma boa repórter (mesmo que esteja desempregada). Eu gosto disso e todo mundo sempre me elogiou. Eu adoro edição de imagens/vídeo. Sou louca por desenhos (mas perdi esse talento, se é que um dia o tive), gosto de pesquisar, saber onde achar coisas baratas, sou aplicada, responsável, gosto de estar sempre aprendendo. Mas já não quero mais me matar no exercício da profissão e esquecer da minha qualidade de vida. Quero ter tempo para o meu amor, para ir ao cinema, ler livros etc. Sou, também, uma excelente organizadora e cuido das finanças melhor do que administradores (hahaha, melhor do que meu irmão, ao menos). E aí, alguém tem uma vaga pra mim?
Ilustração: Bebel Callage
Formada, desempregada, sem nada pra fazer, voltei as origens e entrei em uma pós em moda. Anos de desinformação modística (lembrem, eu queria ir pra guerra) me levaram a participações medíocres, mas limpinhas. Em seguida veio a aprovação e ingresso no curso de letras na UFRGS, com ênfase em tradução-francês (olha onde fui me meter, tenho tremenda dificuldade com línguas e odiava português) e aliando os dois, acabei produzindo meu artigo-final sobre moda e auto-estima, baseado na literatura. Ficou legal até, mas continuação pra quê?
Entre o período da pós e o ingresso na letras, conheci meu excelentíssimo e ele acabou com minhas maiores convicções existenciais. Virei uma mulherzinha chorona (era só dizer que me amava e eu abria o berreiro. Agora, depois de quase 2 anos, superei isso), um tanto consumista (eu era ZERO consumo) e sem a menor noção do que fazer da minha vida - além de amá-lo muito, pra sempre. É claro que a culpa não é dele. Eu já tinha me desiludido absolutamente com a correspondência de guerra depois de tudo o que não deu certo e da falta de emprego. Pra moda, ainda tenho um caminho muito grande a trilhar. E quer saber, eu tenho opiniões muito particulares sobre algumas coisas que os entendidos endeusam e é provável que seja esculachada por minhas heresias. Letras também não é a minha área, eu só entrei lá pra aprender línguas de graça, só que acabei me interessando pelas cadeiras adjacentes. O que não significa que eu quero isso pra minha vida.
Hoje em dia eu sei pouquíssimo sobre o que pode vir a ser meu futuro profissional. Eu sei que sou uma boa repórter (mesmo que esteja desempregada). Eu gosto disso e todo mundo sempre me elogiou. Eu adoro edição de imagens/vídeo. Sou louca por desenhos (mas perdi esse talento, se é que um dia o tive), gosto de pesquisar, saber onde achar coisas baratas, sou aplicada, responsável, gosto de estar sempre aprendendo. Mas já não quero mais me matar no exercício da profissão e esquecer da minha qualidade de vida. Quero ter tempo para o meu amor, para ir ao cinema, ler livros etc. Sou, também, uma excelente organizadora e cuido das finanças melhor do que administradores (hahaha, melhor do que meu irmão, ao menos). E aí, alguém tem uma vaga pra mim?
Ilustração: Bebel Callage
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire