mardi 26 août 2008

Falta um pouco de mim aqui

Sempre achei muito fácil escrever crônicas. Talvez por isso não entendesse muito bem o sofrimento dos meus colegas (de faculdade), na tentativa de arrancar algo tão informal de suas mentes. Qual seria a dificuldade em relatar uma situação cotidiana, um fato banal ou qualquer coisa do tipo, podendo usar o recurso de primeira pessoa?, pensava eu. Deveras estranho!
A verdade é que tive uma boa professora (que sequer conheci pessoalmente): Martha Medeiros*, a escritora de Divã, Selma e Sinatra, Tudo Que Eu Queria Te Dizer, entre outros, e que dispõe de uma coluna todas as quartas e domingos no jornal (gaúcho) Zero Hora.
Ainda que alguns intelectualizados a desprezem, ela me influenciou bastante, pois, escreve com tanta simplicidade suas crônicas que cria nas pessoas a coragem necessária para se aventurarem pelo universo das letras. Ao menos, foi assim comigo.
Na escola odiava português. Gramática era meu maior pesadelo. Creio que passei (de uma série a outra) todos aqueles anos apenas por minha boa interpretação textual. Todavia, adorava ler, embora não lesse tanto quanto deveria. O que me deixa em dívida com a literatura nacional. De alguma forma, porém, acabei associando tudo isso ao jornalismo, mesmo preferindo matemática.
Contudo, hoje sinto que falta um pouco de mim aqui. Antes, no meu
roxinho-perturbador, era tão fácil transformar o percurso de casa à faculdade ou os amores impossíveis em crônicas. Elas surgiam do nada e acabavam se moldando ao cotidiano daqueles que as liam. Era reconfortante perceber isso.
Mas, agora, não sei o que há. Idéias não me faltam, tenho-as com freqüência. O problema ocorre quando as transfiro para o papel. Tudo parece meio disforme, enfadonho, sem interesse. Cobranças demais? É provável!
Talvez eu só precise viver mais, vai saber.


* Foram mencionadas, aqui, apenas as obras ficcionais da escritora. No entanto, Martha Medeiros possui 18 livros publicados: entre poemas, crônicas, conto infantil e, claro, as ficções. Dos supracitados, li apenas Divã. Tenho que confessar que a prefiro como cronista.

Ilustração: Bebel Callage.

10 commentaires:

pianistaboxeador21 a dit…

Também tenho um pouco de dificuldade com a crônica e tb tenho sentido nos outros gêneros, a mesma dificuldade que vc sente.
Às vezes a escrita simplesmente não sai.
E isso é pra lá de ruim.
Abraço,
Daniel

pianistaboxeador21 a dit…

Com certeza vc. ainda não perdeu o jeito com as crônicas. Parabéns.
Abraço
Daniel Lopes

Marcia Barbieri a dit…

A crônica aconteceu e você nem percebeu! Está maravilhosa,mas realmente a pressão nos poda muito.
Beijos
Marcia

Anonyme a dit…

Que bom que você decidiu seguir com as crônicas =) Ponto positivo pra você!
besitos

pianistaboxeador21 a dit…

Vc tem razão Ingrid, o conto já tinha sido publicado na revista Germina de literatura. Obrigado pelo carinho e pela atenção de ter ido atrás de tantas informações. Sinto-me lisonjeado.
Abraços,
Daniel.

Fernando Miranda a dit…

Pois é Ingrid. Quem dera eu ser como os intelectuais e criar uma espécie de 'não-visitação' (sic), mas não dá!
Peço que continue suas visitações, pois ele apesar de não conter anúncios, o meu blog tem fins lucrativos: quero que as pessoas acumulem emoções, sabedoria, conhecimento, aprendam a usar o pensamento e a lógica para serem mais felizes. Vejo que temos e mesma ideologia, não? Morro de curiosidade de Oscar Wilde, mas por enquanto só vi a peça, fantástica por sinal. Eu sempre acesso dois blogs, o Brazylianskies e o Filmedolivro, pois, são os únicos que serão atualizados por enquanto.
Um abraço, espero relê-la por estas bandas largas paulistanas.

Abs!!

Ps: estava lendo seus filmes favoritos. Você já assistiu 'Está tudo Iluminado' do Elijah Wood? Tem uma resenha no 'filme do livro', dá uma olhada, acho que irá gostar!

Fernando Miranda a dit…

Quanto a estar atolada de leituras, e precisar se organizar melhor, bem vinda ao clube. Dá uma lida nesse artigo: http://diversao.uol.com.br/ultnot/2008/01/31/ult4326u636.jhtm

É sobre o livro do professor francês Peter Bayard. Sobre 'Não-leitura', muito massa!!!

Abs.

José Elesbán a dit…

POis é. Eu também não gosto da Martha Medeiros, mas tudo bem. Tem um monte de gente que gosta.
Mas acho que tu deves botar pra fora todas estas tuas idéias e inspirações.
Sem muita repressão. Afinal, sempre haverá algo melhor e algo pior, comparando apenas entre as coisas que tu escreves.
[]

Ingrid Guerra a dit…

Pessoal, brigadão pela vista e comentários. Prometo responder as mensagens o mais rápido possível. Porém, essa semana, as coisas estão meio caóticas por aqui. Grande abraço a todos. Bom final de semana. Bjs.

José Elesbán a dit…

O teu 16o.leitor voltou.
estava dando uma conferida nos meus "feeds" e calhou de voltar a ler o teu blog.
Então há duas coisas a serem ditas.
Uma, o teu blog é muito bom, e o teu número de "page views" baixo é uma tremenda injustiça. O resto do mundo ainda não percebeu o que está perdendo.
Duas, eu prefiro te ler do que ler a Martha Medeiros. Questão de gosto.