Apesar de ter sido considerado, por muitos anos, no Brasil em particular, um assunto frívolo, a moda possui grande importância social. Através dela é possível traçar panoramas bastante representativos de ambientes políticos, econômicos e culturais de cada época. Em vista disto, autores como a historiadora (francesa) Dominique Veillon, através de sua obra Moda & Guerra – Um Retrato da França Ocupada (Jorge Zahar, 270 págs), têm contribuído para devolver a essa industria o valor, por tanto tempo, a ela relegado.
Misturar dois assuntos, em principio, antagônicos, pode parecer estranho. Mas basta começar a leitura para entender a legitimidade da associação. O livro de Veillon mostra como a costura parisiense – que colaborava, na época, para “a subsistência de 20.000 operários e 500 funcionários, além de ter influência direta sobre a vida de outras industrias: têxteis, sedas, peles, rendas, etc.”(pág. 34) – se manteve em funcionamento apesar dos imperativos impostos pelos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial.
“No intervalo de uma estação, a vida cotidiana se degradou consideravelmente para uma maioria dos franceses” (pág. 73). Obrigados a disporem de tíquetes para a aquisição de uma cota determinada de gêneros alimentícios, as restrições alcançaram também o vestuário. “Tudo o que toca a moda vê-se atingido pela crise. Em janeiro de 1941 cria-se bônus de calçados e em julho, do mesmo anos, entra em circulação o cartão de vestuário” (pág. 73). Para uma sociedade que se orgulha de ser a vitrine para mundo e que não pretende abandonar tal status, parece impossível a adaptação às regras alemãs. No entanto, a criatividade e o empenho na descoberta de alternativas para a escassez de matéria prima dão resultados. Ainda que seja preciso usar toda a sorte de material: das cortinas de casa aos fios de cabelos deixados nos salões ou recolhidos nos campos de concentração. Tudo é aproveitado.
Os acessórios também ajudam a manter um certo glamour que os trajes perderam. Alguns até ganham ares de símbolo de resistência. “O chapéu consola uma época sem sorrisos, quando não, ao se optar por uma farsa, por ser um jeito de zombar do ocupante, uma espécie de nariz do mundo. O senhor do momento é ele” (pág. 114).
Apesar de não seguir uma cronologia linear e, assim, acabar se repetindo, Veillon apresenta um texto bastante cativante e consegue prender a atenção do leitor, presenteado-o, ao fim, com a descrição do momento exato em que, após tantas transformações, surge um novo modo de vestir-se, apresentado nas criações de Christian Dior."Desta vez, a página está virada, a guerra de fato acabou, o estilo new look se lança à conquista do mundo, ao mesmo tempo em que se presta a adaptações múltiplas, em que, o prêt-à-porter ocupará um espaço cada vez maior”. Sem dúvida uma história que vale a pena ser lida. Então.. boa leitura.
Misturar dois assuntos, em principio, antagônicos, pode parecer estranho. Mas basta começar a leitura para entender a legitimidade da associação. O livro de Veillon mostra como a costura parisiense – que colaborava, na época, para “a subsistência de 20.000 operários e 500 funcionários, além de ter influência direta sobre a vida de outras industrias: têxteis, sedas, peles, rendas, etc.”(pág. 34) – se manteve em funcionamento apesar dos imperativos impostos pelos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial.
“No intervalo de uma estação, a vida cotidiana se degradou consideravelmente para uma maioria dos franceses” (pág. 73). Obrigados a disporem de tíquetes para a aquisição de uma cota determinada de gêneros alimentícios, as restrições alcançaram também o vestuário. “Tudo o que toca a moda vê-se atingido pela crise. Em janeiro de 1941 cria-se bônus de calçados e em julho, do mesmo anos, entra em circulação o cartão de vestuário” (pág. 73). Para uma sociedade que se orgulha de ser a vitrine para mundo e que não pretende abandonar tal status, parece impossível a adaptação às regras alemãs. No entanto, a criatividade e o empenho na descoberta de alternativas para a escassez de matéria prima dão resultados. Ainda que seja preciso usar toda a sorte de material: das cortinas de casa aos fios de cabelos deixados nos salões ou recolhidos nos campos de concentração. Tudo é aproveitado.
Os acessórios também ajudam a manter um certo glamour que os trajes perderam. Alguns até ganham ares de símbolo de resistência. “O chapéu consola uma época sem sorrisos, quando não, ao se optar por uma farsa, por ser um jeito de zombar do ocupante, uma espécie de nariz do mundo. O senhor do momento é ele” (pág. 114).
Apesar de não seguir uma cronologia linear e, assim, acabar se repetindo, Veillon apresenta um texto bastante cativante e consegue prender a atenção do leitor, presenteado-o, ao fim, com a descrição do momento exato em que, após tantas transformações, surge um novo modo de vestir-se, apresentado nas criações de Christian Dior."Desta vez, a página está virada, a guerra de fato acabou, o estilo new look se lança à conquista do mundo, ao mesmo tempo em que se presta a adaptações múltiplas, em que, o prêt-à-porter ocupará um espaço cada vez maior”. Sem dúvida uma história que vale a pena ser lida. Então.. boa leitura.
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P.S.: Agradecimento:
Obrigada Digestivo Cultural, pelos novos leitores.
3 commentaires:
Passando aqui para dar uma olhada nos teus textos...
E também saber mais um pouco sobre a história da moda. Como vai, moça?
Beijos!
Digestivo???
hããã???
Bah, que legal achar teu blog :)
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