jeudi 26 mars 2009

Nada auspicioso

Como legitima integrante do mundo proletário que sou, disponho, em casa, apenas de um aparelho televisor. Assim sendo, e estando ele na sala de estar, fico sujeita a programação escolhida pela minha mãe. Que, por sinal, tem um péssimo gosto para seleção de canais. Antes que alguém julgue a ingratidão desta filha, exemplifico aqui algumas das aberrações que ela assiste, para que, quem sabe assim, alguém me dê razão (coisa, em geral, difícil de ocorrer).
Comecemos pelo “medalhão persa”: sim, aquele leilão de jóias e objetos bizarros de valores exorbitantes – claro que ela não compra nada, como disse, fazemos parte da parcela da sociedade que sobrevive de baixa renda –; na sequência colocaria o “Gugu” (que não merece uma palavra), aos domingos, por óbvio, e programas de auditório. Isso, sem falar nas novelas.
Foi assim que, ouvindo (sim, apenas escuto, pois fico a maior parte do tempo no quarto, longe da tevê) Caminho das Índias, incorporei alguns termos do vocabulário indiano. E agora, os compartilho aqui na formulação de algumas reflexões para a humanidade, no meu melhor momento de revolta existencial (que meu digníssimo chamaria de TPM).

Ser vítima do humor, nada ingênuo, da mãe da sua sogra, não é nada auspicioso. Sobretudo quando o responsável pelo vinculo de convivência acha engraçadíssimas as travessuras da vovó.

Baguan keliê, levar a vida a sério pode ser considerado o pior defeito que alguém é capaz de ter.

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Ilustração: Bebel Callage

lundi 16 mars 2009

Chorinho confessional

Sei muito pouco sobre Vinícius de Moraes e músicas. Ainda assim, creio poder afirmar que algumas das mais belas canções de amor foram compostas por ele. Ou alguém será capaz de desconsiderar a beleza dos versos a seguir?

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar”


Esta é apenas uma (das mais conhecidas) entre tantas outras preciosidades que existem por aí e que provam a sua coragem em demonstrar sentimentos. Destemor difícil (para não dizer impossível) de se encontrar na atualidade.
Hoje, todos têm tanto medo das síndromes modernas (vide mulheres que amam demais) e do envolvimento alheio, que acabam se privando de si mesmos. Escondem-se por trás de pré-conceitos criados por uma sociedade hipócrita, na qual só aquele que de forte se traveste é quem consegue ser feliz.
Todavia, me pergunto: que felicidade é essa? Um simulacro onde os jogos são mais importantes do que assumir as próprias emoções? Isso vale a pela?
Se o questionamento fosse feito a mim, diria com grande ênfase ou letras garrafais: NÃO VALE. Por isso falo tudo, sempre, sem titubear.
Ainda que, por vezes, tema estragar as coisas e pôr fim ao relacionamento, não consigo fingir que estou bem quando algo me machuca. Confesso que até tento não falar, porém, o esforço, em geral, é em vão. Acabo expondo tudo.
Como a verdade absoluta é inexistente, tendo a admitir que esta estratégia de vida tem muitas falhas. Não é fácil. A minha sorte é ter encontrado alguém capaz de suportar esse lado mais negro. Só não se sabe até quando. De qualquer forma, o importante é o que se vive e o que se aprende.
Descobri muito sobre mim mesma nestes meses de namoro. Constatei que sou MUITO (imensamente) mais carente do que supunha minha vã filosofia. Que ainda que sinta o amor do outro, isso não é o suficiente para você (mesma) se amar e que por mais feliz que seja com alguém, em algum momento, a depressão vai atingi-lo.
Contudo, espanto maior tive ao descobrir o quão sensível sou. Em outra palavras, a facilidade que as lágrimas têm de jorrarem por minha face (daria uma excelente protagonista de novela). Seja de alegria, de tristeza, de saudade, de presença, tudo me faz chorar. Assusta! É incrível, sobretudo, porque me considerava forte neste aspecto. Quase nunca, antes, chorava. Por desventura, quem mais sofre com isso é o meu amor, que traumatizado com os fatos, vive em estado de constante alerta.
Queria poder lhe mostrar mais claramente o que ocorre aqui dentro. Provar que o fato de minhas glândulas lacrimais estarem em pleno funcionamento não significa (necessariamente) erros de sua parte – ou mesmo da minha – e que buscar estar por perto não é sinônimo de anulação. Não há o que temer, eu também vivo sem você, só que ao seu lado é muito mais gostoso.


Ilustração: Moidsch

jeudi 12 mars 2009

Umbiguismo acidental

Não sei se existe certo ou errado, sobretudo quando falamos em blogs. A questão é que me preocupo com o destino do meu. Adoro escrever e uso o Arquivos (assim como usava o Dizembucha), às vezes, como terapia. Acabo resolvendo muitas de minhas angústias após decodificá-las em 0 e 1, para este ambiente. O problema é que isso o torna muito mais pessoal do que deveria. Queria escrever coisas de maior relevância, porém, meu perfeccionismo me impede de entrar em assuntos que não domino. Assim, fico girando em torno do meu próprio umbigo ou postando os trabalhos da faculdade – o que, tenho de convir, não deve ser muito agradável para possíveis leitores, ainda que eles sejam os que mais trazem pessoas para cá. Talvez agora, com o novo curso (pois é, passei na federal e estou cursando Letras – bacharelado em Francês) eu consiga formular textos mais interessantes e discutir os assuntos culturais. Então, isso fica como meta, já que as leituras farei aos montes, assim como mais postagens, se o tempo colaborar. Desejem-me sorte.

Ilustração: Bebel Callage

mardi 3 mars 2009

Por enquanto

Nunca antes esta música fez tanto sentido, ou se encaixou tão bem ao que sinto no momento. Desde o título até as reticências: tudo! É como se o compositor entrasse na minha mente e, de forma poética, revelasse o que está lá. Claro que, embora linda, gostaria de ter outra canção aqui dentro. Mas, fazer o quê?, assim caminha a humanidade.

Por Enquanto - Composição: Renato Russo

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba...

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem...

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...


Ilustração: Moidsch



Caros leitores e amigos.
Desculpem meu desaparecimento. No momento estou precisando escrever mais do que ler. Prometo voltar em breve a visitá-los. bIG abs.