jeudi 28 février 2008

PARABÉNS PARA MIM!


Diz a lenda que foi em uma manhã quente do verão de 1982, por volta das 11 horas, que uma menininha graciosa (o tempo é perversos, né?!), cabelos loiros (sim, acredite!), olhos claros (são esverdeados até hoje) e pele alva, resolveu vir ao mundo, antes mesmo do prazo previsto.
Media 42 cm e o peso não ultrapassava 1 quilo e 900 gramas. Diz-se que seu primeiro gesto, ao ser retirada do ventre da mãe, foi olhar para o médico e sorrir (apaixonada, certo, Lidi?). Sim, nada de choro, pois isso poderia afastar aquele ser “celestial” que a segurava, nua, em seus braços (hahaha... será que esta frase me trará problemas?). Hoje, depois de ultrapassar ¼ de séculos, seus anseios nada secretos deixaram de ser romanescos e se tornaram trabalhistas. É... o velho pragmatismo da vida!
Mas esta é uma data a ser comemorada, nada de falar em coisas práticas. Então, vamos ao que interessa... todos juntos, cantando!


Parabéns, parabéns
Saúde e felicidade
Que tu tenhas sempre todo dia
paz e alegria na lavoura da amizade!

* Sim, parabéns gaúcho para não ter problemas com “big” ou “pique”.

Ilustração: Voxcard
Foto: autor desconhecido (google)

mercredi 27 février 2008

Desemprego e bizarrices televisivas


Sair da faculdade e cair em estatísticas é uma experiência bastante desagradável. Mesmo sabendo que no Mercado não há muitas ofertas, a esperança em encontrar um lugar ao sol (no sentido de ralação abaixo de 40º, mesmo. Ao estilo Gay Talese: pé na lama!) é grande.
Desta forma, a realidade parece ainda mais cruel. Pois, a certeza fatídica de que sem um QI (Quem Indique) você se quer passa da porta dos meios de comunicação, só se adquire depois de receber o canudo. Nestas horas, aquelas discussões inúteis com professores displicentes começam a pesar. Não fossem elas, talvez conseguisse uma indicação.
Mas as dificuldades não cessão por aí. A fluência em inglês é tão necessária quanto. Sem ela o seu currículo ganha passagem direta para o lixo. Ainda que esteja fazendo aulas para sanar essa deficiência.
Resta, então, partir para novas experiências: procurar uma pós-graduação e rezar para ser aceito. O que, convenhamos, também não é assim tão fácil. Primeiro porque para um mestrando é necessário um bom projeto e proficiência em língua estrangeira. Sem contar que os cursos de especialização oferecidos são, via de regra, insatisfatórios. Ou seja, prepare o bolso (vale pedir ao pai, mãe e toda a sorte de parentes caridosos que dispor) e mente para este período.
Enquanto as confirmações não chegam, alguns prazeres da vida inútil podem ser contemplados: a dedicação única e exclusiva aos livros que o esperam há séculos, visitas mais freqüentes ao cinema e a maravilhosa arte de apreciação do bizarro televisivo. Nem adianta fazer cara de nojo. Todo mundo acaba mofando no sofá, uma hora ou outra, quando não tem nada pra fazer.
Foi assim que descobri um reality show canadense chamado Keys to the VIP (ou chaves para alguém muito importante). Apesar de machista é divertido.
Sem mais, vamos as apresentações.

Neste programa, transmitido pelo Multishow (só poderia), dois caras disputam entre si uma festinha bastante peculiar com gostosas-apimentadas. Para conquistar o privilégio desta noitada eles precisam mostrar, em uma danceteria, que são MACHOS ALFA e sabem seduzir qualquer garota. Tudo, obviamente documentado e avaliado por quatro árbitros (juiz, só o de Direito? Ah, perturbem outro!) que decidirão quem será o VIP.
Chris, Peachez, Alen e Sheldon (da esquerda para a direita na foto) analisam o desempenho dos rapazes em três tarefas impostas a eles. Claro, achou que era fácil assim: chegar e agarrar? Não, eles têm metas a cumprir (que variam a cada programa). Dentre as quais: iniciar um dialogo com uma mulher insultando suas roupas, conseguir o telefone de uma garota em menos de um minuto ou, ainda, convencer uma jovem a lhe pagar uma bebida.
É hilário ver o jeito tosco como a maioria deles se aproximam das “vítimas”. E por incrível que parece muitos obtêm sucesso em suas investidas porque as mulheres estão abertas para o que der e vier. O que me leva a crer que com um pouco de confiança é possível ganhar fácil algumas moçoilas por aí. Então, só posso desejar Boa Sorte para vocês garotos e mais critérios às gurias!

Ilustração: Orlandeli

jeudi 21 février 2008

À Francesa


Tenho uma certa curiosidade mórbida por indicações literárias. Não aquelas de amigos ou alguém próximo, mas quanto aos clássicos obrigatórios para a humanidade. São estes que me fazem perder (de fato) algumas horas preciosas. Afinal, tendo a discordar de tais escolhas. Ainda assim, não consigo fugir deles com maestria.
Desta forma, acabei aventurando-me pela littérature da "minha" França querida. Em fevereiro, entreguei-me a monsieur Balzac e mademoiselle Beauvoir. E confesso, não foram horas de júbilo, não. Eles são enfadonhos! Ela em particular.
Só agora chego a novela que nomeia a compilação A mulher Desiludida, mas já me encontro com tal estado de espírito. Os antecessores A Idade da Discrição e Monólogo levam a crer que Simone era esnobe, egoísta e obcecada pela mãe (ou será que sou a única a vê-la assim?).
No primeiro, uma escritora de sucesso vê seu mundo desmoronar a medida em que envelhece e descobre que seu filho não seguirá o caminho imposto por ela. No segundo, a progenitora apresenta (novamente) distúrbios no relacionamento com a filha que morrera. Se o próximo conto seguir neste ritmo, minha tese ganhará ainda mais força. Porém isso, só saberei ao final da leitura.
Honoré, por sua vez, nos remete a França Napoleônica e revela os costumes de uma época em que a tristeza era a mais sublime tradução do belo. E assim, A mulher de 30 anos acaba por perder toda a aura que um dia, por desconhecê-la, reservei à obra.
Desejava fazer um paradoxo entre esta e Lolita de Nabokov. Pois, um idolatra a juventude, o ser obsceno e cruel que se esconde por trás de um rosto angelical, e o outro a beleza madura, instrutora e capaz de representar todos os papéis (...) e inclusive tornar-se mais bela com uma infelicidade. Ora, convenhamos, se melancolia fosse a fórmula da sedução não seria muito difícil conquistar alguns corações por aí, d’accord? Todavia, o que me impede (mesmo) de tal feita é que a marquesa d’Aiglemont não provocara, em mim, sentimentos de incapacidade atrativa como Lolita. E, apesar de todos os elogios à sua beleza, aos 30 anos, a narrativa concedeu a ela do primeiro (na adolescência) ao último momento, uma certa imponência. Assim, só me resta fazer um paralelo entre Júlia (a marquesa) e as outras mães da literatura francesa, pois, todas, destilavam sua insatisfação de viver nas costas dos filhos que tiveram.
Ao que tudo indica, nascer na França, em séculos passados, assim como ler os clássico, não era/é muito vantajoso, não.

Ilustração: Bebel Callage

dimanche 17 février 2008

ADEUS MEU ROXINHO-PERTURBADOR!


Foram, ao todo, 246 posts produzidos durante os 1603 dias de vida do meu roxinho-perturbador. Isso daria uma média, segundo meus cálculos, de um por semana. No entanto, a história não deve ser contada assim. Afinal, o início foi bem mais produtivo. Escrevia muito, sobre vários assunto: do cotidiano à política, me arriscando a comentar até mesmo futebol (sim, algo totalmente inusitado, concordo!).
Falei a respeito de livros, filmes e peças de teatros. Publiquei minhas crônicas, cartas, reportagens (entre outros exercícios de redação produzidos na faculdade) e, quem diria, pseudo-poemas. Aliás, chamo-os assim por não ter nenhuma pretensão poética. Eles são, em verdade, apenas uma deliciosa brincadeira com rimas, escritos em noites solitárias, nas quais somente as palavras preenchiam o hiato existente entre meus desejos e a realidade. Dentre todos, o mais marcante parece ter sido Eu quero um Pedro pra mim, pois, gerou comentários inesquecíveis e homenagem no orkut, de uma de minhas “maninhas” (clari).
As crônicas ganharam vida longe do blog. O Tempo emocionou não apenas colegas e professores, mas o querido Bira, técnico de som da rádio da FAMECOS. Outras como A idade da razão (na “sala’da” comunicação) e Olhos Atentos foram parar no meu portfólio. Contudo, meu apreço por A coisa e eu, A maldição do 33 (Terça-feira, Março 23, 2004) e Cadê meu it (Segunda-feira, Fevereiro 27, 2006) também são imensos. Revê-las agora chega a dar uma certa nostalgia.
Enfim, é difícil deixar para trás as coisas que amamos. Até porque, embora tenha abandonado o DIZem BUCHA no último ano, continuo louca por ele, por todas as divagação expostas ali: da filosofia barata das frases do momento, em particular a minha criação-mor “o amor é uma merda, mas a falta de amor, ou de alguém para amar, é a própria prisão-de-ventre"; às doidices de Notícias Bizarras - coisas maluca que ocorrem no mundo – como as histórias mirabolantes à la Hitchcok: Ancião vive com cadáver da mãe, por cinco anos, na França ou, ainda, ao estilo cômico de Richard Beijamin, em um dia a casa cai: Chão cede e mulher cai nua no apartamento de baixo. Cada link daquele arquivo é como um pequeno pedaço da minha vida (ao menos dos últimos anos dela), com todas as alegrias, tristezas, revoltas e euforias destes (quase) 4 anos e meio que hoje deixo para trás, antes que a Globo-Ponto-Com me expulse. Afinal, minha cota (de não-assinante) chegou ao fim. Por isso, mudo-me para uma nova casa: Arquivos de Gaveta. Trazendo para cá apenas os textos publicados em 2008. Assim, será como começar o ano em uma casa nova, mas com alguns móveis antigos que me lembrarão os bons momentos que passei até aqui chegar. Portanto, só posso dizer Au revoir, mom chéri DIZem BUCHA!

Ilustração: Moidsch

P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

vendredi 15 février 2008

Faz parte do meu show


Te pego na escola e encho a tua bola com todo o meu amor
Te levo pra festa e testo o teu sexo com ar de professor
Faço promessas malucas tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby, é pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Confundo as tuas coxas com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida pra te mostrar quem sou
Vago na lua deserta das pedras do Arpoador
Digo 'alô' ao inimigo
Encontro um abrigo no peito do meu traidor

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou
Vivo num 'clip' sem nexo
Um terror retrocesso
meio bossa nova e 'rock'n roll'

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Meu amor, meu amor, meu amor...

Composição: Cazuza / Renato Ladeira

Ilustração: Moidsch


P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

lundi 11 février 2008

As histórias de minha vida.


Há muito tempo atrás, quando ainda era estudante do ensino médio, uma de minhas professoras levou para sala de aula a crônica: Leituras fundadoras (publicada no jornal Zero Hora de 7/11/99). Nela, Martha Medeiros fazia um resgate sobre a iniciação da literatura em sua infância e adolescência. Estas chamadas leituras fundadoras – expressão cunhada pelo escritor francês Christian Bobin – são, na verdade, os primeiros livros que marcaram consideravelmente a vida de cada um de nós. Sempre senti vontade de fazer a minha própria lista, mas nunca coloquei nada no papel. Contudo, nestas férias, tive uma surpresa maravilhosa ao relembrar, com uma amiga, a estória de uma garotinha que perdeu a mãe durante uma viagem para São Paulo. Indefesa, na Paulicéia Desvairada, tendo apenas seu tigrinho de pelúcia ao lado, ela precisava encontrar o tio e fugir de uma pseudo-assistente social. Fôra assim, na companhia de Pimpa, a menina criada por Marcos Rey em Sozinha no mundo, que preenchi algumas folhas de minha ficha na biblioteca da escola. Passada essa obsessão, me entreguei à narrativa de Josué Guimarães e, por vezes, sofri tanto quanto Mariana pelo jeito fugidio de Cássio em É tarde para saber. Obra que, por sinal, reli em janeiro. Foi engraçado perceber que minha implicância com Cássio não mudou muito, já a complacência com a ingenuidade de Mariana não pode ser considerada a mesma. Na adolescência (mais precisamente aos 15) fiz meu début com a literatura estrangeiras e conheci meu amado-mor, Gabriel García Márquez, em sua melhor forma: através de O amor nos tempos do cólera (lançado este ano nos cinemas). Impossível não se comover com a paixão de Florentino Ariza por Fermina Daza e sua capacidade de esperá-la por 51 anos, nove meses e quatro dias. O livro me foi emprestado por uma amiga da minha irmã, com ótimas recomendações. Aliás, devo a ela (Vanessa) meu eterno agradecimento. Pois, a partir de então, passei a colecionar (e ler, lógico) muitas outras escrevinhações do sr. Gabo. Anos mais tarde, após a descoberta de que livros eram objetos acessíveis, mesmo para proletárias como eu, deixe-me levar por títulos intrigantes como A metamorfose, de Franz Kafka e 1984, de George Orwell, sem saber ao certo ao que me levariam tais leituras. Desta forma, intriguei-me com a sorte do caixeiro-viajante Gregor Samsa, que em uma manhã acorda não mais no mesmo corpo com o qual fôra dormir, mas transformado em um inseto monstruoso. Assim como, revoltei-me com o Grande Irmão e seu (partido) IngSoc. Porém, não posso negar o divertimento gerado pelas contradições do duplipensar (“Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força”) e da novílingua. Já no gênero jornalístico me encantei pela narrativa do grande mestre da reportagem, Gay Talese, e suas excepcionais histórias. Se Deus permitir, um dia irei escrever tão bem quanto ele e, principalmente, com o mesmo espírito e perseverança existentes em Fama e Anonimato e A mulher do próximo. Depois de tantas recordações, só posso dizer que apesar de não ter sido criada sob uma grande influência literária, creio que consegui formar uma base bastante sólida para todas as leituras seguintes que fiz e que ainda farei durante a minha vida. E você, como fez a sua?

Ilustração: Bebel Callage

P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

A Seta e o Alvo

Uma "pessoinha" fofa, carinhosamente apelidade de Le Baratin, me enviou esta música dizendo que ela havia sido, praticamente, feita para mim (tá, não foram bem estas palavras, mas tá valendo). Eu gostei e acho que tem a ver mesmo... então, aí vai!




Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.


Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.

Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.

É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

* Composição: Paulinho Moska e Nilo Romero

Ilustração: Júlia Górniewicz - Woman in action

P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

Menos Limite


É possível que parte das pessoas que se arriscam a entrar aqui não tenham assistido a Meu nome não é Johnny, ainda. Porém, acredito, todos já devem ter ouvido falar na película e/ou na frase que define a personagem principal:
“Ele tinha tudo, menos limite”.
A história é essa mesmo: um privilegiado membro da classe média (alta) do Rio de Janeiro, puxa um beck na adolescência, da maconha passa a cheirar, depois começa a vender para os amigos e dali para a cidade toda. Sem jamais precisar pisar em uma favela, acabou se tornando um dos maiores vendedores de drogas do asfalto carioca. Tudo fácil assim, sem maiores complicações, até o dia em que foi preso. Mas esta narrativa eu não quero contar. Quem ainda não conhece, visite o site oficial.
Não obstante, por mais nonsense que possa parecer, tenho que admitir que senti um pouco de inveja do sr. João Guilherme Estrella ou, ainda, de sua namorada Sofia e aquela galera toda que aproveitava cada momento, deixando o futuro para depois. Claro, guardadas as devidas proporções. Afinal, não tenho a menor vontade de me drogar, tornar-me uma viciada, muito menos traficante.
A questão toda se encontra nessa palavrinha chave: limite. O tenho em excesso. Chega a ser desgastante, viver nesta eterna preocupação com as conseqüências de cada ato, deixar os minutos passar sem saboreá-los com o devido valor. Parece até que vim ao mundo para servir de platéia, por mais que deseje ser a protagonista.
Para mudar este roteiro, já pensei até em beber, tomar um belo porre, mesmo. O problema é que meu metabolismo não ajuda, o máximo que fico é com sono. A euforia proporcionada pelo álcool se quer passa perto do meu córtex cerebral (sic). Ou seja (cerveja), perdeu playboy (dhã)!
Então só me resta mesmo aproveitar os momentos de êxtase que o cinema é capaz de oferecer. E em Meu nome não é Johnny, são muitos. A começar pelos maravilhosos diálogos que percorrem o filme – como o da noite que João (Selton Melo) conquista Sofia (Cléo Pires). Vale muito a pena conferir, não apenas esta cena, mas todas as outras deste belo produto nacional.

João Guilherme Estrella: Ó lá, ó lá, ó lá minha deusa de marfim!
Godoi: Deusa de quê? De massinha?
J.G.E.: Não, de marfim, Godoi!
Laura: Ó ta sem o varetão(?) de Niterói!
Julinho: Ó se liga, hein, xará?! Acho que o varetão de Niterói pula miudinho na mão dela.
J.G.E.: O que é pular miudinho, brother? Por que isso?
G. A mulher é bailarinha?
J. Bailarina? Hehe... É baladeira, hormonal, saidinha.
J.G.E.: Baladera, hormonal, saidinha, faz maluco perder o sono? É meu número. Vô lá!

J.G.E.: E aí Sophia, tudo bem?
(...)
(...)
Sofia: E aí, conta aí...
J.G.E.: Não... 'tamos aí! E o brunão?
S. O que tem o brunão?
J.G.E.: 'Tá contigo lá em Niteróis, fazendo as coisas dele lá?!
S. 'Cê quer saber se a gente 'tá junto?
J.G.E.: Eu até gostaria, viu!?
S. Você é sempre assim, dá 500 voltas pra chegar em alguém?
J.G.E.: Não, não é que é alguém, é você. Eu fico meio nervoso assim de falar contigo.
S. Ah, pega bem até!
J.G.E.: Ah, então vou seguir nervoso, seguir nesse caminho!
S. E aí, ‘cê sabe que o mundo pode acabar amanhã, né? E a gente tem que curtir a vida, então eu vou te ajudar 'tá? Quer sair comigo?
J.G.E.: Então não é melhor a gente ir logo, antes que o mundo acabe?




P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

Coisas que perdemos pelo caminho


Tal como 1933, para Dominic Molise, 2007 foi para mim um ano ruim. Ambos jovens, prestes a conquistar o tão suado diploma e cheios de sonhos, os quais, com o passar dos meses, se destruíram. Porém, fomos até o fim, convictos de nossas escolhas, apesar de transformados pelo árduo percurso. Pode parecer exagero, drama ou tolices de uma menina mimada, para quem está de fora. Ainda assim, não irei me privar deste desabafo, ou melhor, do enterro, sem polpa ou cerimônia, definitivo e protocolar desta data. Nunca foi tão fácil dar adeus aos 375 dias que deixei para trás, nas primeiras horas de 2008. Cada precioso minuto foi “degustado” da melhor forma possível: balançando o esqueleto e sacudindo a cabeleira até as 4 da manhã, ao som de Joan Jett, entre tantos outros. Tudo para espantar qualquer indício de baixo astral. Afinal, ele esteve presente em muitas etapas do meu amadurecimento (?). Como no dia em que apresentei minha monografia à banca examinadora – após muitas noites sem dormir, latinhas de Red Bull e xícaras de café sem efeito. Ouvir os professores dizendo que minha análise, apesar de interessante, era muito jornalista, pouco acadêmica e incompatível com uma monografia, me fez questionar o papel do orientador e perder a fé no ensino real. Demorei um pouco para entender que esse comentário seria a maior prova de que nasci mesmo para ser Jornalista (leia-se: repórter). Contudo, a ziquizira continuou ao meu lado e novamente tive de engolir a seco palavras duras. Desta vez do professor Leonam, no último dia de estágio de Aperfeiçoamento de Texto, dizendo que eu sabia que aquilo (a matéria sobre garotos de programa que esperei um ano e meio para fazer) não era uma grande reportagem. E o pior de tudo é que tive de concordar com ele, embora tenha me empenhado ao máximo (e entrevistado 3 deles) para fazer um bom trabalho, realmente não consegui deixá-la completa (afinal, não foi possível falar com um especialista no assunto). Estes dois episódios me marcaram tanto que dali em diante não consegui fazer nada de forma produtiva. Nem mesmo ler meus autores favoritos parecia prazeroso, quem dirá qualquer outra coisa. Isolei-me em um limbo intelectual. Por outro lado, como uma compensação, o recesso de quase meia década sem beijar chegou ao fim e tive acesso a um dos melhores abraços do mundo. Para quem sabe valorizar pequenos atos, o simples modo como alguém segura a sua mão pode revelar maravilhas e provocar sentimentos inconfessáveis. Mas no mundo real nem tudo é azul e a mesma pessoa que, por ventura, fora capaz de tamanha delicadeza, talvez nunca troque mais do que meia dúzia de frases comigo. E como uma legítima rejection junkie será exatamente este Snoopy quem irá me roubar algumas horas preciosas, que poderiam ser infinitamente melhor aproveitadas. Ainda assim, os segundos continuaram a passar e a recuperação precisou ser feita ao longo do caminho. Sob muitas lágrimas e tentativas de fuga, a ilusão de que até o dia da formatura tudo estaria bem, eu empregada e meus problemas acabados foi diminuindo. Embora, no fim, parte disso até tenha sido verdade e o ano acabado infinitamente melhor do que começou. Todavia, a ingenuidade a respeito da vida foi tirada de mim, ainda que a esperança persista com uma força renovada neste 2008.

Ilustração:
Charuca

P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA