lundi 16 novembre 2009

Esqueci meu título matador (recuperado)


Penso, logo existo (ou deveria dizer: desisto)? Se essa máxima de Descartes for verdadeira, minha ânsia por existir deve ser tão gigantesca que meu cérebro não é capaz de conter. Afinal, não consigo ficar um segundo sequer sem matutar alguma coisa, por mais minúscula ou inútil que seja.
Não fosse a minha completa falta de tato ou inteligência social isso talvez fizesse de mim uma grande pensadora, daquelas que sai por ai dando palestras e escrevendo livros comentadíssimos e sempre citados. O problema é que minha memória é um caos e sempre que eu resolvo passar para o papel meus insights tudo parece tão banal e desnecessário que não sigo adiante. Ou, acabo fazendo outra viagem e fugindo de tudo o que pretendia escrever, pois, meu cérebro já se desconectou daquele primeiro pensamento e os neurônios estão fazendo conexões outras, totalmente opostas ou fora de propósito.
O que poderia ser uma vantagem (ter um cérebro sempre pensante), acaba sendo uma tragédia por que começo a ler uma coisa e num piscar de olhos fujo daquelas linhas e passo a delirar em meio a outro assunto.
Como se não bastasse, o fato de pensar demais me causa extremo tormento também quando decido comprar algo de alto custo. Minha criação não me ensinou a decidir por conta própria, sem saber antes tudo o que pode ou não dar errado depois desta compra. Minha mãe era o sonho de qualquer criança (que ainda não tem consciência do valor das coisas). Para ela tudo era possível. Ainda que ela nos tivesse ensinado quanto cada coisa custava e qual o valor que tínhamos disponível, sempre que queríamos muito algo, ela arrumava um jeito de suprir nossas necessidades, nem que isso a obrigasse a trabalhar triplicadamente. Em compensação, meu irmão que desde criança só pensava em como obter lucros financeiros (ele vendia os engradados do meu pai e tudo o mais que via pela frente, ainda quando tinha uns 10-12 anos) vivia me impelindo a não ter ambições já que não tínhamos condições de saná-las. Assim, desde cedo eu tive que tentar descobrir em que patamar se encontrava o meu desejo, entre o “tudo-pode” e o “nada-pode”. Consequência disso é a minha total falta de noção para lidar com preços. Sempre acho tudo muito caro e, ao invés de valorizar as coisas, valorizo mais o dinheiro. O que me faz poupar loucamente e nunca saber como usar a poupança depois. Por mais que eu precise de algo e tenha condições de comprar, sempre fico confabulando se aquilo é bom o suficiente ou se vale mesmo o quanto custa. Assim, vou perdendo as oportunidades por medo de me arrepender depois. Por estas e outras que, mesmo sem computador em casa há mais de uma semana, ainda não comprei um bendito notebook que livrará meu namorado do tormento de levar de um lado para outro o dele. Calma, meu amor. Uma hora eu me decido!

Ilustração: Kevin Dart

jeudi 12 novembre 2009

Eu poderia...

Eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas preferi vir aqui atualizar meu blog e me afastar o máximo possível de camas para não passar mais uma noite dormindo das 19h30 às 22h30. Sei que deveria estar lendo coisas para o meu artigo final da Pós, ou, no mínimo, fazendo meus exercícios de Latim. Mas, fazer o quê?, a coisa não tá fluindo. Começo a ler e durmo! Um saco. Então, resolvi postar algumas musiquinhas francesas que descobri no SingStar (a nova paixão do meu namorado). Espero que gostem.

Allô le monde - Pauline
(não pude anexar o clipe, o pessoal não liberou a incorporação. Blérg!)


Ce jeu - Yelle
(o clipe é muito engraçado!!!)

lundi 19 octobre 2009

A dama no espelho:

Trabalhos de aula, às vezes, são bastante interessantes e úteis. Não apenas por nos trazerem informações que jamais buscaríamos senão pela (bendita) tarefa, mas também para atualizar o blog quando você anda sem tempo para isso, devido à quantidade de leituras, provas e trabalhos que tem a fazer. Então, compartilho com vocês a minha parte de um trabalho sobre três contos de Virginia Woolf.


reflexos e reflexões

Virginia Woolf começa seu conto A dama do espelho: reflexos e reflexões, advertindo ao leitor de que não se deve deixar espelhos pendurados em casa. Em seguida apresenta-lhe uma sala. Um cômodo com características humanas às quais refletidas por este espelho se transformam – oferecendo uma realidade mais verdadeira do que a vista no/do local. Se no aposento a vida parece circular, no seu reflexo “as coisas tinham parado de respirar e jaziam imóveis no transe da imortalidade”. Assim, a autora vai indicando o seu ponto de vista de forma metafórica, para revelá-lo mais claramente ao final do conto.
Do espelho é possível ver, além da sala, parte de um jardim no qual a proprietária da casa, a sra. Isabella Tyson, colhe flores. Enquanto isso, alguém a observa fazendo elucubrações sobre sua vida e apresentando-a como uma misteriosa solteirona rica, que viajava muito, possuía diversos amigos e da qual sua mobília saberia mais a seu respeito do que qualquer pessoa. Afinal, comparam-se ali os armários repletos de cartas com os próprios sentimentos, sensações e emoções vivenciadas pela sra. Tyson.
O observador, que na verdade é a própria sala, tenta descobrir o que se encontra nas novas cartas que são depositadas sobre a mesa. Para ele, elas parecem plaquinhas gravadas com a verdade eterna e que se abertas revelariam “tudo sobre Isabella e também sobre a vida”. Ao final, contudo, não será preciso nada disso para se elucidar o mistério. Pois, no percurso de volta para a casa, todas as ilusões sobre a vida daquela senhora vão se desfazendo ao passo de que sua imagem começa a ficar mais lúcida no espelho.
Assim, entendemos que “ninguém deveria deixar espelhos pendurados em casa” pois eles nos mostram a realidade, desnudam os indivíduos que se atrevem a ficar em sua frente. Da mesma forma como toda aquela quimera que se criou em torno da personagem é desfeita quando ela se deixa mostrar pelo espelho.

Ilustração? Bebel Callage

lundi 12 octobre 2009

O MELHOR presente (no dia das crianças)


Há um ano o dia das crianças havia caído em um domingo. Na sexta-feira anterior meu PC deixara de funcionar. Desesperada, no sábado, fui à casa de uma amiga (Lu) aproveitar-me de sua conexão, além, é claro, da ótima companhia, já que não tivera naquela semana (consequência do feriado) aula na Pós.
Conversa vai, conversa vem, decidimos sair para dançar. Eu, que teria de desmarcar um encontro (o qual ocorreria na segunda) devido ao conserto do computador, resolvi apenas remarcá-lo, convidando o garoto engraçadíssimo que conhecera no dia 20 de setembro à sair com a gente.
Um outra amiga (Ale) – à qual tínhamos (o garoto e eu) em comum – jurava que havíamos nascidos um para outro, ainda que mal nos conhecêssemos - o que, tenho que admitir, não acreditava, nem queria comprovar. Porém, no decorrer de algumas conversas virtuais e leituras mutuas de blogs a vontade de descobrir se ela estaria com a razão foi maior.
E lá estava eu, convidando o garoto para sair. Depois, dançando com ele e completamente perdida, sem saber o que fazer ou como agir naquela noite. Foram muitas horas tentando descobrir sinais de reciprocidade, sem nada perceber. Quando, então, começa a tocar New York, New York e sou convidada a dançar mais de perto. A partir daí, fomos nos aproximando cada vez mais e acabamos abraçados por (muitos) longos minutos. O beijo só aconteceria após a despedida da Lu, que antes de ir embora dissera a ele para cuidar bem da sua amiga.
Um ano se passou e aquele garoto engraçadíssimo continuou cuidando MUITO BEM de mim. Descobrimos que a Ale (nossa cupida) tinha toda a razão e que nascemos, de fato, um para o outro.
Claro que nem tudo foram flores neste tempo e é exatamente isso que torna tudo tão real e verdadeiro, além de imensamente ESPECIAL. É por tudo isso que não me canso de dizer que você é o grande amor da minha vida. JE T'AIME TOUJOURS, JE T'AIME TROP, mon petit cochon!!!!

Ilustração: Jana Magalhães


Coisa linda: "resposta" do meu amor ao meu texto!

Pra quem sempre achou que iria terminar a vida sozinho acorrentado em um porão cheio de ratos recebendo um punhado de ração a cada dois dias, foi com um misto de estranheza e euforia que, há exatamente um ano, eu criei coragem e tasquei um beijo literalmente meia-boca naquela que então eu ainda não sabia ser a mulher da minha vida.
Muitos beijos, amassos quentes, sangue e carnificina depois, eis-nos aqui, agora, celebrando no dia 12 de outubro – além do aparecimento da Nossa Senhora e do dia dos mini-adultos cruéis – o nosso aniversário de namoro. Toda a minha vida eu achei que nunca iria me entregar tão fácil assim pra ninguém, nem muito menos utilizar a expressão ‘meu amor‘ para me referir a uma pessoa que supostamente seria perfeita e supriria todas as minhas necessidades e carregaria o meu filho no ventre e cuidaria de mim até o dia em que morrêssemos dois velhinhos abraçados em um banquinho na varanda de uma casa no campo. Mas a vida tem esse jeitinho de esfregar na nossa cara aquele tipo de coisa que desprezávamos com todas as nossas forças anteriormente, e o faz de um jeito sempre furtivo e enlouquecedor.
Se tem uma coisa que eu aprendi nesse último ano foi que a gente nunca deve debochar da desgraça alheia e nem dizer que nunca faria tal ou tal coisa. Não é a declaração mais romântica ou socialmente aceitável a se fazer em uma data comemorativa de tamanha significatividade, mas a minha véia vai entender o espírito da coisa (assim espero). Afinal, orgulhamo-nos de não sermos o típico casal de questionário da Capricho, com seus comportamentos estereotipados e prazos de validade para afetos e relações sexuais (um ano e bombando, gurizada), que acabam levando muitos cristãos ao suicídio ou (o que é pior) aos livros de auto-ajuda.
Parágrafo único de declaração amorosa aberta ao público: Minha véia, nem preciso dizer que te amo mais do que tudo (clichê 1). Saiba que eu fui treinado para lidar com as adversidades da vida (isso inclui DRs e brigas sanguinolentas) e não vou desistir de ti nem que tu te esforce ao máximo (não é todo cara que tem coragem de dizer isso para uma pisciana, mas eu estou aqui, dando a cara a tapa). Tu me fez conhecer quase todas as emoções que um ser humano pode experimentar (às vezes em um único período de 30min), e foi contigo que eu aprendi a chorar feito uma menininha pré-pubescente e a não me envergonhar disso. Te ver sorrindo pela manhã diariamente me faz pensar duas vezes antes de levantar da cama e reencenar a chacina da Candelária (clichê 2), e muita gente tem a agradecer por isso. Agora eu tenho quem me defenda de pessoas chutadoras de cadeira no cinema e dos operadores mal servidos sexualmente do telemarketing da NET. Tu é o pedaço de mim que estava faltando sem que eu me desse conta disso por 22 anos (clichê 3), e por isso eu ainda estou aprendendo a lidar com o fato de ter alguém pra cuidar (meus tamagotchis sempre morreram de fome, desculpa). Temos muito o que melhorar e, com certeza, juntos, iremos atingir a perfeição e dominar o mundo. Te amo pra sempre, porque tu é o amor da minha vida e eu sou o da tua (clichê 4); porque eu te mereço e tu me merece (ambos inserimos a cruz no ânus e giramos, infelizmente), e agora não tem pra mais ninguém. Te amo muito demais, minha véia com o sorriso mais lindo mundo.
Pra terminar, preciso agradecer a duas pessoas muito especiais que contribuíram para o desfecho feliz dessa história: à Ale, nossa cupida e grande operadora de milagres, a quem devemos o imprescindível fato de termos nos conhecido no dia 20 de setembro do ano passado; e à Lu, que incentivou desde o início o nosso relacionamento e me incumbiu da simples tarefa de cuidar bem da amiga dela (tenho me esmerado muito, tu nem tem idéia de quanto).

lundi 21 septembre 2009

Só porque a gente adora...

Relicário (Composição: Nando Reis)

É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou

E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou

O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor

Corre a lua porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite

Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou

O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor, ôôôô...
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor

O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Por que que está fazendo assim?
...está fazendo assim?

Ilustração: Bebel Callage

vendredi 18 septembre 2009

Jogo dos Sete erros (quem imita quem?)

Será que a grana 'tá tão curta que estão dividindo designers?


Via Uno




Datelli

lundi 14 septembre 2009

Apenas mais um texto (vazio)


A hora de mudar a capa do livrinho ali do lado passou há tempos, mas minha ausência no mundo virtual me impedia. Foram tantas coisas lidas no semestre passado,e tantas coisas por ler nesse que fiquei sem tempo ou mesmo vontade de mexer aqui. Queria ler mais para falar melhor sobre as coisas. Porém, se for esperar é provável que não comentarei nada. Então... lá vamos nós.
Estou lendo Madame Bovary a conta-gotas. Confesso que sou uma leitora um tanto lerda e quando não consigo me envolver na trama essa lentidão se agrava. De qualquer forma, quarta-feira terá uma aula dedicada a Gustave Flaubert e sua “obra prima”, assim ficarei sabendo tudo o que aconteceu com a insatisfeita Emma. Aliás, já soube que ela morre no final e é provável que vários leitores tenham ficado em êxtase com isso. Fato é que o ritmo do livro não agrada muito e uma vida insossa menos ainda (ta, eu sei que to ainda na segunda parte... mas, não sei não). Talvez na quarta eu descubra o porquê de tanta apreciação a este livro (embora acredite que somente quando eu o ler em francês veja alguma beleza real). Implicância com os clássicos é um saco. Mas, fazer o quê.

Contento-me em saber que a insatisfação não se dá com todos. Afinal, muitos já se salvaram. Um deles é Dom Casmurro. Depois de ver a minissérie da Globo e ter ficado maravilhada com aqueles cenários e a forma narrativa, me entreguei a Machado de Assis e encontrei nele um possível escritor favorito. As críticas que ele fazia a outros livros e escritores também são bastante interessantes. Sempre muito bem embasadas e gostosas de ler, tanto que nem mesmo os autores criticados por ele – como Eça de Queiros – ficaram de todo chateados. Se tivesse mais tempo para me dedicar a leituras extras adoraria ler mais coisas dele. O fato é que depois de entrar no curso de Letras minha lista de obras a ler só tem aumentado, ainda que minhas horas de leitura também estejam no mesmo ritmo. Quanto mais leio, mais coisas tenho por ler, o que acaba me perturbando um pouco. Mas, um dia eu chego lá.


Ilustração: Silja Goetz

mercredi 2 septembre 2009

Quanto ainda existe da velha-eu aqui


Minha vida mudou tanto no último ano que não tive (apesar de meu cérebro estar em constante funcionamento) tempo para pensar o que isso provocou em mim. Quanto ainda existe da “velha-eu” aqui?
Vi-me fazendo coisas que jurava jamais pensar sequer na possibilidade. Fiquei irritantemente mais sensível e chorona. Muitas de minhas certezas viraram pó e perdi um pouco daquela obsessão profissional. A carreira continua sendo importante, mas não meu único objetivo. Isso me perturbou um pouco, já que sempre me imaginei envolvida em guerras.
Bem, talvez eu já estivesse bastante abalada pelas desilusões que havia tido e a descoberta de um novo mundo só ajudou a levar ao ostracismo a idéia de viver em áreas de conflitos.
A parte boa disso tudo é que descobri a felicidade que achava inexistente em mim e o prazer de fazer (também) alguém feliz. Comecei a viver mais o presente e não me preocupar/preparar apenas com/para o futuro, guardando a vida para depois.
O problema é que fiquei meio perdida neste turbilhão de novas emoções e meu destino se mostrou ainda menos claro, deixando-me apenas uma convicção: seja onde for, é ao lado dele que eu quero estar.

Ilustração: Bebel Callage

lundi 17 août 2009

Voltando... (devagar)


Parece mentira, mas nem as férias me trouxeram o descanso necessário para voltar a esse cantinho pelo qual tenho tanto apreço. Fiquei com saudades, ainda que tenha dado a preferência ao mundo real para desfrutar dias sublimes ao lado do meu amor. Nem tudo foram flores, mas não trocaria por nada aqueles momentos. Agora, de volta às aulas, com o coração apertado por deixá-lo todas as manhãs, talvez consiga retornar a produção textual ou expor trabalhos finalizados. Por enquanto deixo a todos uma das canções que mais tem me animado nos últimos tempos: Lisztomania - Phoenix. Espero que gostem!

mardi 26 mai 2009

Os erros do meu português ruim

ENSAIO (ou suposto...)

Toda vez que Roberto Carlos canta Detalhes, imediatamente lembro de mim. Ao contrário do que possa parecer, não há nenhuma conotação amorosa nessa afirmação. Jamais abandonei amor algum para, posteriormente, me lamentar por sua ausência. A identificação se dá através do verso “os erros do meu português ruim”, visto que sempre considerei o meu um péssimo português. Foram necessários mais de vintes anos de vida escolar e acadêmica para entender que nem eu, nem Roberto Carlos poderíamos – ainda que cometêssemos os piores erros da gramática normativa – ser considerados detentores de um mau português.
As noções obtidas nas aulas de lingüística foram essenciais para desmistificar todos aqueles pré-julgamentos impostos pela sociedade desde a época da escola. Após anos de submissão a eles, não se poderia esperar outra reação senão o espanto ao descobrir que “do ponto de vista científico, simplesmente não existe erro de português” (BAGNO, 2008, p.149) para falantes que possuem este como língua materna. Segundo Marcos Bagno – doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) – em seu livro Preconceito Lingüístico: o que é, como se faz, “todo o falante nativo de uma língua é um falante plenamente competente desta língua, capaz de discernir intuitivamente a gramaticalidade e a agramaticalidade de um enunciado, isto é, se o enunciado obedece ou não as regras de funcionamento da língua” (Ibidem).
Portanto, todas aquelas regrinhas aprendidas no colégio e a irritante tarefa de buscar nas ruas provas concretas da incompetência ortográfica da população brasileira, tratavam-se, na verdade, de equívocos, frutos da má qualidade do ensino no país. Bagno defende que “saber ortografia não tem nada a ver com saber a língua. São dois tipos diferentes de conhecimento. A ortografia não faz parte da gramática da língua, isto é, das regras de funcionamento da língua” (2008, p.156), o que acaba por evidenciar a existência de “um fosso entre aquilo que querem impor de cima para baixo como ‘português correto’ e o que o povo efetivamente usa, tanto oral quanto graficamente” (COUTO, 1986, p.8). Afinal, há “uma enorme diferença entre estruturação formal de uma língua, que naturalmente estabelece formas regulares, de uma regulação que tenta se impor como padrão” (BRITTO, 2002, p. 54) desclassificando as variações pertencentes a ela.

Se observarmos alguns fatos do português contemporâneo verificaremos que as formas consideradas “erradas” são freqüentes, mesmo na fala de pessoas cultas, ocorrendo de forma bastante variável em alguns casos, como nos exemplos a seguir: (1) “Fui no Ibirapuera”; (2) “Ela foi na feira”; (3) “Quero ir a Bahia”; (4) “Nunca fui ao Maracanã”; (5) “Vá já para casa”. Nestes casos, segundo a tradição gramatical [normativa], o verbo “ir de movimento” deve ser empregado apenas com as preposições a e para, observando-se para a escolha uma diferença sutil de sentido: a introduz numerosas circunstâncias, como movimento ou extensão; para indica movimento, direção para algum lugar com a idéia acessória de demora ou destino (PETER, 1999, p. 20-21).

Todavia, mesmo os chamados “falantes cultos” as substituem pela preposição em ao se expressarem, e nem por isso a comunicação é frustrada. É por este motivo que Bagno contesta: “como é possível falar de ‘erro’ se a construção não causa estranheza a falantes cultos e é perfeitamente assimilada do ponto de vista semântico e pragmático, se não há nenhuma ambigüidade em sua interpretação?” (2008, p.138). É necessário, então, adotar uma nova postura para entender que

a aceitação da variação lingüística implica a aceitação da diferença e a busca de uma concepção mais adequada de língua e de ensino de língua. Uma concepção que não se restrinja a privilegiar uma única variedade de língua como a única certa, bela e real. Uma concepção de língua que reconheça que, na prática diária dos falantes, a variação é a regra, no sentido de constante flexibilidade no uso dos recursos lingüísticos em busca da intercompreensão, da sintonia entre interlocutores, do ajuste às situações em que as pessoas se encontram e das formas mais adequadas de alcançar seus propósitos comunicativos e suas representações sociais” (ZILLES, 1999, p.90).

Para tanto, “não se pode ignorar as diferenciações espaciais, temporais e sociais que toda língua de sociedades complexas apresenta” (COUTO, 1986, p.13). Conforme a professora Ana Maria Stahl Zilles, “é só pelo reconhecimento da realidade lingüística que se pode superar uma violência constantemente repetida em nossa sociedade: a de fazer crer à maioria dos brasileiros que eles não são capazes de aprender sua própria língua, menos ainda qualquer outro conteúdo” (ZILLES, 1999, p.90). Até porque o problema não está nos falantes, mas, como salienta Bagno, “certamente está no modo como se ensina português e naquilo que é ensinado sob o rótulo de língua portuguesa”. (BAGNO, 2008, p. 134). Para que haja, de fato, uma instrução, o professor precisa buscar

uma relação mais honesta com seus alunos, que lhes permita respeitá-los e ajudá-los a construírem, com base na sua identidade pessoal – da qual a língua é parte necessária – uma representação de si mesmos como seres capazes de aprender e de criar, para que exerçam seu direito à cidadania e participem da construção de uma sociedade mais humana. Espero que este caminho possibilite que nossos alunos não se sintam ameaçados pelo que lhes queremos ensinar, pois não se trata de impor uma única variedade de língua, de substituir seu dialeto pela língua padrão ou de ameaçar sua identidade pessoal. Temos que ser capazes de, conhecendo a realidade, promover o que se convencionou chamar de ensino produtivo da língua, que capacita o aluno à flexibilidade no uso, ao desenvolvimento de sua competência comunicativa. (ZILLES, 1999, p.103).

Com a construção desta sociedade mais humana, que respeita as variedades lingüísticas, ninguém mais seria lembrado pelos erros de seu português ruim, mesmo porque a noção seria outra e detalhes tão pequenos quanto um deslize ortográfico não trariam prejuízo algum ao desenvolvimento social e intelectual do indivíduo. O único prejudicado seria Roberto Carlos por ter, assim, um motivo a menos para ser lembrado pela amada.

REFERÊNCIAS

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico, o que é, como se faz. São Paulo. Edições Loyola, 2008.

BRITTO, Luiz Percival Leme. À sombra do caos: ensino de língua versus tradição gramatical. Campinas. Editora Mercado de Letras, Coleção Leituras do Brasil. 1997

COUTO, Hildo H. O que é português brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 1986.

PETER, Margarida. Linguagem, língua, lingüística. In: J. L. Fiorin (org.): Introdução à lingüística: I Objetos teóricos. São Paulo, Contexto, 2004.

ZILLES, Ana Maria Stahl. Algumas características do português no Brasil. In: P.C. Guedes (org.) Ensino do português e cidadania. Porto Alegre: PMPA, SMED, 1999.

Detalhes (composição Roberto E Erasmo)

Não adianta nem tentar me esquecer
durante muito tempo em sua vida eu vou viver

Detalhes tão pequenos de nós dois
são coisas muito grandes pra esquecer
e a toda hora vão estar presentes
você vai ver

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
e isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua
o ronco barulhento do seu carro
a velha calça desbotada ou coisa assim
imediatamente você vai lembrar de mim

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
palavras de amor como eu falei, mas, eu duvido
duvido que ele tenha tanto amor
e até os erros do meu português ruim
e nessa hora você vai lembrar de mim

A noite envolvida no silêncio do seu quarto
antes de dormir você procura o meu retrato
mas na moldura não sou eu quem lhe sorri
mas você vê o meu sorriso mesmo assim
e tudo isso vai fazer você lembrar de mim

Se alguém tocar seu corpo como eu, não diga nada
não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada
pensando ter amor nesse momento, desesperada, você tenta até o fim
e até nesse momento você vai lembrar de mim

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
do tempo que transforma todo amor em quase nada
mas quase também é mais um detalhe
um grande amor não vai morrer assim
por isso, de vez em quando você vai
vai lembrar de mim

Não adianta nem tentar me esquecer
durante muito e muito tempo em sua vida eu vou viver


Ilustração: Daily Candy

dimanche 24 mai 2009

Inversamente proporcional

Por mais antagônico que possa parecer, minhas notas (em provas, trabalhos e assemelhados) são, em geral, inversamente proporcionais ao prazer que tenho com a disciplina. Parece-me que quanto maior for meu empenho em aprender a matéria, menor será meu coeficiente de aproveitamento nas avaliações. Incrível. Advêm daí minha implicância a estes métodos arcaicos.

Ainda assim, posso dizer que sou uma pessoa feliz e que não me importo mais com os valores que serão anexados ao meu histórico escolar. Sobretudo porque a UFRGS trabalha com conceitos (ao invés de notas). E sim com a quantidade de informação que consigo absorver e transformar em conhecimento.

O que me irrita um pouco é o fato de conseguir tirar 8 em uma prova de lingüística tão maravilhosamente fácil. Tudo pela minha irritante mania de querer ir direto ao ponto, mesmo quando não sei a que ponto devo chegar. Aliando-se a isso a maldita tensão por estar sendo avaliada. O resultado é típico: errar aquilo que tenho maior domínio. Não é frustrante?! Mais... c’est ma vie!


Ilustração: orlanderli

jeudi 7 mai 2009

Impossibilidades


Gente, semana de provas na faculdade, trabalho da pós pra fazer.. muita coisa pra ler, não tô dando conta! Acabo abandonando o blog e as leituras dos blogs-amigos. Uma lástima, mas eu voltarei. Me aguardem. Prometo visitas em breve. Enquanto isso, compartilho com vocês duas canções que tenho ouvido muito. Quem gostar, procure o CD My Maudlin Career, do Camera Obscura! Vale muito a pena!

French Navy!


My Maudlin Career!

vendredi 3 avril 2009

Meu português ruim


Durante toda a minha vida tive sérios problemas com a língua portuguesa. Lembro-me, contudo, do exato momento em que as dificuldades se transformaram em ojeriza à disciplina de mesmo nome. O fato ocorreu na 8ª série do ensino fundamental, quando a ilustríssima professora, que tivera sua sanidade mental afetada por alguma droga pesada, resolveu propor aos alunos a produção de uma dissertação em grupo.
Estávamos, então, descobrindo os mistérios deste gênero (textual) que enlouquece vestibulandos ainda hoje e torna a intenção da “educadora” ainda menos compreensível. Afinal, é de conhecimento geral que trabalhos em grupo, sobretudo em escolas, tendem a não funcionar como deveriam, pois, o peso do exercício fica, via de regra, com apenas um (ou dois) integrante(s). Neste caso, comigo mesma.
Todavia, minha ingenuidade e empolgação fizeram com que, naquele momento, desfrutasse (de verdade) a tarefa sem me importar com a falta de participação dos colegas. Inspirada, como estava, fiz o maldito texto buscando construí-lo seguindo todos os preceitos dos manuais de redação: introduzir o assunto propondo a ele a elucidação dos aspectos positivos e negativo, fazendo seu fechamento com minha opinião.
O resultado fora, ao meu ver, tão satisfatório que mostrei o trabalho para toda a família. Sujeitando-o a crítica do meu irmão, considerado pelos professores (na época) um excelente “escrivinhador”. Com a redação aprovada pelo núcleo familiar, fui para escola super confiante, certa de que nada poderia dar errado.
Lá chegando, descobri que a atividade não terminava com a entrega dissertação, mas com um debate, o qual trataria dos erros e acertos de cada grupo. Para minha surpresa, o texto recebeu críticas de integrantes do meu próprio núcleo. Os quais “denunciavam” a inadequada elaboração dos parágrafos entre outras discussões infundadas.
Por óbvio, defendi até o fim a estrutura de minha argumentação textual. Pois, certa estava de que minha redação constava entre as duas únicas corretamente formatadas. A correção de apenas dois dos textos produzidos foi revelada, no início da aula, pela docente que, entusiasmada, elogiou apenas um dos grupos. Sem declarar, no entanto, qual seria o outro a cumprir de forma adequada a tarefa.
Curiosa, questionei a professora quanto ao outro texto que estaria correto, para assim descobrir se, de algum modo, havia cometido erros e como poderia corrigi-los. Porém, ela recusou-se a revelar a procedência da segunda redação e contestou meu interesse pela autoria da mesma. Chegando a dizer que eu não deveria importuná-la, pois, ela não a revelaria e não seria eu tal autora.
Voltei para a casa revoltada com o descaso (para não dizer incompetência ou falta de didática) da docente e com ainda mais implicância com a disciplina, jurando nunca voltar a me dedicar daquela forma a ela (disciplina).
Contudo, algumas semanas depois, no dia da entrega de boletins, minha mãe fora surpreendida com os elogios que a professora fazia a mim e a minha redação. Ciente, como estava, minha mãe questionou a professora sobre o porquê dela não ter dispensado a mim tais elogios, já que eu teria sido a autora do melhor texto. No que a docente respondeu: Não lhe revelei a autoria por considerar que ela “se acharia” demais!
Não recordo o final deste diálogo, mas me revolto cada vez que o narro. Pois, além de preconceituosa, ela ainda desestimulou alguém que teria potencial para produzir textos cada vez melhor, buscando sanar falhas.
Por ironia do destino, ainda que preferisse (desde então) os números, me apaixonei pelo jornalismo – mesmo sofrendo sempre que revisava meus textos, pela quantidade de erros gramaticais neles encontrados – e hoje, formada, me dedico ao curso de letras. Somente agora, tendo aulas de linguística, posso me considerar menos traumatizada, com meu desleixo no decorrer do ensino médio, por comprovar que a gramática, apesar de importante, não (des)qualifica ninguém. Afinal, os linguistas são os primeiros a criticar a incompatibilidade do que (não)se aprende na escola com o seu uso no dia-a-dia. Não fosse aquela maldita professora, talvez eu descobrisse tudo isso muito antes.

Ilustração: Orlanderli

jeudi 26 mars 2009

Nada auspicioso

Como legitima integrante do mundo proletário que sou, disponho, em casa, apenas de um aparelho televisor. Assim sendo, e estando ele na sala de estar, fico sujeita a programação escolhida pela minha mãe. Que, por sinal, tem um péssimo gosto para seleção de canais. Antes que alguém julgue a ingratidão desta filha, exemplifico aqui algumas das aberrações que ela assiste, para que, quem sabe assim, alguém me dê razão (coisa, em geral, difícil de ocorrer).
Comecemos pelo “medalhão persa”: sim, aquele leilão de jóias e objetos bizarros de valores exorbitantes – claro que ela não compra nada, como disse, fazemos parte da parcela da sociedade que sobrevive de baixa renda –; na sequência colocaria o “Gugu” (que não merece uma palavra), aos domingos, por óbvio, e programas de auditório. Isso, sem falar nas novelas.
Foi assim que, ouvindo (sim, apenas escuto, pois fico a maior parte do tempo no quarto, longe da tevê) Caminho das Índias, incorporei alguns termos do vocabulário indiano. E agora, os compartilho aqui na formulação de algumas reflexões para a humanidade, no meu melhor momento de revolta existencial (que meu digníssimo chamaria de TPM).

Ser vítima do humor, nada ingênuo, da mãe da sua sogra, não é nada auspicioso. Sobretudo quando o responsável pelo vinculo de convivência acha engraçadíssimas as travessuras da vovó.

Baguan keliê, levar a vida a sério pode ser considerado o pior defeito que alguém é capaz de ter.

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Ilustração: Bebel Callage

lundi 16 mars 2009

Chorinho confessional

Sei muito pouco sobre Vinícius de Moraes e músicas. Ainda assim, creio poder afirmar que algumas das mais belas canções de amor foram compostas por ele. Ou alguém será capaz de desconsiderar a beleza dos versos a seguir?

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida, eu vou te amar
Em cada despedida, eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar”


Esta é apenas uma (das mais conhecidas) entre tantas outras preciosidades que existem por aí e que provam a sua coragem em demonstrar sentimentos. Destemor difícil (para não dizer impossível) de se encontrar na atualidade.
Hoje, todos têm tanto medo das síndromes modernas (vide mulheres que amam demais) e do envolvimento alheio, que acabam se privando de si mesmos. Escondem-se por trás de pré-conceitos criados por uma sociedade hipócrita, na qual só aquele que de forte se traveste é quem consegue ser feliz.
Todavia, me pergunto: que felicidade é essa? Um simulacro onde os jogos são mais importantes do que assumir as próprias emoções? Isso vale a pela?
Se o questionamento fosse feito a mim, diria com grande ênfase ou letras garrafais: NÃO VALE. Por isso falo tudo, sempre, sem titubear.
Ainda que, por vezes, tema estragar as coisas e pôr fim ao relacionamento, não consigo fingir que estou bem quando algo me machuca. Confesso que até tento não falar, porém, o esforço, em geral, é em vão. Acabo expondo tudo.
Como a verdade absoluta é inexistente, tendo a admitir que esta estratégia de vida tem muitas falhas. Não é fácil. A minha sorte é ter encontrado alguém capaz de suportar esse lado mais negro. Só não se sabe até quando. De qualquer forma, o importante é o que se vive e o que se aprende.
Descobri muito sobre mim mesma nestes meses de namoro. Constatei que sou MUITO (imensamente) mais carente do que supunha minha vã filosofia. Que ainda que sinta o amor do outro, isso não é o suficiente para você (mesma) se amar e que por mais feliz que seja com alguém, em algum momento, a depressão vai atingi-lo.
Contudo, espanto maior tive ao descobrir o quão sensível sou. Em outra palavras, a facilidade que as lágrimas têm de jorrarem por minha face (daria uma excelente protagonista de novela). Seja de alegria, de tristeza, de saudade, de presença, tudo me faz chorar. Assusta! É incrível, sobretudo, porque me considerava forte neste aspecto. Quase nunca, antes, chorava. Por desventura, quem mais sofre com isso é o meu amor, que traumatizado com os fatos, vive em estado de constante alerta.
Queria poder lhe mostrar mais claramente o que ocorre aqui dentro. Provar que o fato de minhas glândulas lacrimais estarem em pleno funcionamento não significa (necessariamente) erros de sua parte – ou mesmo da minha – e que buscar estar por perto não é sinônimo de anulação. Não há o que temer, eu também vivo sem você, só que ao seu lado é muito mais gostoso.


Ilustração: Moidsch

jeudi 12 mars 2009

Umbiguismo acidental

Não sei se existe certo ou errado, sobretudo quando falamos em blogs. A questão é que me preocupo com o destino do meu. Adoro escrever e uso o Arquivos (assim como usava o Dizembucha), às vezes, como terapia. Acabo resolvendo muitas de minhas angústias após decodificá-las em 0 e 1, para este ambiente. O problema é que isso o torna muito mais pessoal do que deveria. Queria escrever coisas de maior relevância, porém, meu perfeccionismo me impede de entrar em assuntos que não domino. Assim, fico girando em torno do meu próprio umbigo ou postando os trabalhos da faculdade – o que, tenho de convir, não deve ser muito agradável para possíveis leitores, ainda que eles sejam os que mais trazem pessoas para cá. Talvez agora, com o novo curso (pois é, passei na federal e estou cursando Letras – bacharelado em Francês) eu consiga formular textos mais interessantes e discutir os assuntos culturais. Então, isso fica como meta, já que as leituras farei aos montes, assim como mais postagens, se o tempo colaborar. Desejem-me sorte.

Ilustração: Bebel Callage

mardi 3 mars 2009

Por enquanto

Nunca antes esta música fez tanto sentido, ou se encaixou tão bem ao que sinto no momento. Desde o título até as reticências: tudo! É como se o compositor entrasse na minha mente e, de forma poética, revelasse o que está lá. Claro que, embora linda, gostaria de ter outra canção aqui dentro. Mas, fazer o quê?, assim caminha a humanidade.

Por Enquanto - Composição: Renato Russo

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba...

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem...

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...


Ilustração: Moidsch



Caros leitores e amigos.
Desculpem meu desaparecimento. No momento estou precisando escrever mais do que ler. Prometo voltar em breve a visitá-los. bIG abs.

samedi 28 février 2009

27 verões!



Meu níver... atualizações apropriadas mais tarde.

mercredi 25 février 2009

Hora de acordar

Nos últimos meses, enquanto estive longe daqui, vivi um sonho. Algo que jamais pensara que pudesse acontecer, ainda mais comigo. Estilo comercial de margarina, sabe como? A felicidade em cada pequeno gesto ou atitude.
Descobri Pasárgada em Porto Alegre e nem precisei ser amiga do rei. Pois, tive ao meu lado quem eu quis. Um amor mútuo de verdade. O parceiro ideal para todas as horas. E, posso apostar, aproveitamos cada segundo deste tempo.
Amando como nunca, como ninguém, vivemos lado a lado dias inteiros, sem cansar da presença do outro. Mas, que lástima, a vida não pode ser para sempre assim. Os compromissos batem a nossa porta, cedo ou tarde.
Então, ainda mais prematura do que previa, veio a "separação". Provisória, porém, não menos sentida. Vinte longos dias afastada daquele que me mostrou as maravilhas de ser amada foram mais do que suficientes para me trazer de volta ao mundo real. Embora seja lindo, não se vive só de amor.
O relacionamento permanece, o amor – que já é imenso – ainda cresce, mas a saudade me “enlouquece”. Quem dera a rima também pudesse me manter sonhando para sempre, junto ao meu grande AMOR.



Ilustração: Bebel Callage