lundi 21 juillet 2008

O cavaleiro das trevas

Os vilões são sempre mais atraentes, mesmo quando carecem de pitadas extras de sex appeal. Carregam em si uma mística envolvente e humor apurado por sua sagacidade perigosa. Não há como resistir às tramas criadas por essas criaturas. Eles nos cativam com seu conhecimento das cores do mundo e pela capacidade de se camuflar diante de cada nuance.
Os mocinhos, em geral, são sofredores enfadonhos. Sacrificam suas vidas pelo bem da humanidade e levam um certo estigma de Pollyanna. No entanto, devido a panóplia de bem-feitor e já que saem vitoriosos da milenar batalha entre o bem e o mal tende-se a admirá-los. Quase ninguém admitiria querer estar no lado negro da força. D'accord?
Porém, na vida real, branco e preto não são assim tão homogêneos, nem seguem estereótipos. Bandidos também vencem no final e os heróis têm falhas éticas. A sétima arte, contudo, procurava deixar as diferenças bem demarcadas. Veja bem, procurava. O uso do verbo no passado demonstra que há um resquício de mudança no ar.
Uma modificação bastante visível em Batman: the dark Knight. Se não pelas cisões morais e traços mais humanos explorados pelo diretor Christopher Nolan ou pela atuação de Christian Bale (que para mim será sempre associado ao psicopata americano), pela trajetória do promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) que, aliás, proclama uma das sentenças mais premonitórias e verdadeiras do cinema: "Você morre como um herói ou vive o bastante para se ver transformar em vilão". Bela crítica a corruptibilidade social, isn’t it? Mas, ela não acaba aqui, o complemento chega através da constatação do tenente Gordon (Gary Oldman): “tentamos ser homens decentes em um mundo indecente”. Dizer que jamais pensamos desse modo seria mentira. No fim, se todos os nossos esforços serão nulos, não vale muito a pena lutar contra a lógica do jogo. Às vezes, é preciso se adaptar a regra, por mais que incoerente que pareça.
Conformista demais? Talvez! Todavia, Nolan acredita na salvação da humanidade. E, claro, demonstra isso com boas doses de tensão, deixando o espectador preso a poltrona. Olhos fixos na tela, na tentativa de piscar o menos possível, para não perder nenhum momento da atuação perturbadoramente verossímil de Heath Ledger, o melhor coringa do cinema. Desculpe Jack Nicholson, mas você não foi assim tão assustador.

3 commentaires:

Mariah a dit…

Oii, tudo bem sim e você?
Ok, vou visitar esse blog aqui então, mas vou olhar as cronicas nos arquivos do DIZem BUCHA também , :)
adorei as imagens nos posts *-*
brigada pela visita!
tchaau ;

José Elesbán a dit…

Cá estou direto do Digestivo Cultural.
Um pedacinho de francês aqui, um outro pedaço de inglês ali, e o texto fica trés chic, não?
E, chegando em blog, a gente lê primeiro as coisas mais recentes. Tu não achas que dava para fazer um comentário meio que ligando Onde os Fracos não têm Vez, com o Cavaleiro das Trevas?
[]

Ingrid Guerra a dit…

Hmmm... como toda a pessoa desconfiada, fico pensando se o comentário quanto aos estrangeirismo foi irônico ou não. Mas, não se preocupe, considero-o válido de qualquer maneira. E justifico o seu uso pelo simples propósito de assimilar melhor novos idiomas. Afinal, fica mais fácil aprender quando trazemos o conteúdo para o nosso cotidiano. Já quanto à configuração dos blogs, creio que são como revistas/jornais. Os textos estão ali dispostos naquela forma, baseados em considerações dos editores (ou do funcionamento do provedor, no caso dos blogs), mas isso não impede que a pessoa os leia de trás para frente (eu leio periódicos assim), não é? Então, tudo é possível, sim. O que importa é sentir-se à vontade. E se a questão é traçar paralelos entre os dois filmes: talvez eles possam começar pela ausência do estereotipo de herói. O que me diz?
Prometo retribuir, em breve, a visita. Grande abraço. Obrigada pelo comentário. Volte sempre que quiser.