jeudi 21 février 2008

À Francesa


Tenho uma certa curiosidade mórbida por indicações literárias. Não aquelas de amigos ou alguém próximo, mas quanto aos clássicos obrigatórios para a humanidade. São estes que me fazem perder (de fato) algumas horas preciosas. Afinal, tendo a discordar de tais escolhas. Ainda assim, não consigo fugir deles com maestria.
Desta forma, acabei aventurando-me pela littérature da "minha" França querida. Em fevereiro, entreguei-me a monsieur Balzac e mademoiselle Beauvoir. E confesso, não foram horas de júbilo, não. Eles são enfadonhos! Ela em particular.
Só agora chego a novela que nomeia a compilação A mulher Desiludida, mas já me encontro com tal estado de espírito. Os antecessores A Idade da Discrição e Monólogo levam a crer que Simone era esnobe, egoísta e obcecada pela mãe (ou será que sou a única a vê-la assim?).
No primeiro, uma escritora de sucesso vê seu mundo desmoronar a medida em que envelhece e descobre que seu filho não seguirá o caminho imposto por ela. No segundo, a progenitora apresenta (novamente) distúrbios no relacionamento com a filha que morrera. Se o próximo conto seguir neste ritmo, minha tese ganhará ainda mais força. Porém isso, só saberei ao final da leitura.
Honoré, por sua vez, nos remete a França Napoleônica e revela os costumes de uma época em que a tristeza era a mais sublime tradução do belo. E assim, A mulher de 30 anos acaba por perder toda a aura que um dia, por desconhecê-la, reservei à obra.
Desejava fazer um paradoxo entre esta e Lolita de Nabokov. Pois, um idolatra a juventude, o ser obsceno e cruel que se esconde por trás de um rosto angelical, e o outro a beleza madura, instrutora e capaz de representar todos os papéis (...) e inclusive tornar-se mais bela com uma infelicidade. Ora, convenhamos, se melancolia fosse a fórmula da sedução não seria muito difícil conquistar alguns corações por aí, d’accord? Todavia, o que me impede (mesmo) de tal feita é que a marquesa d’Aiglemont não provocara, em mim, sentimentos de incapacidade atrativa como Lolita. E, apesar de todos os elogios à sua beleza, aos 30 anos, a narrativa concedeu a ela do primeiro (na adolescência) ao último momento, uma certa imponência. Assim, só me resta fazer um paralelo entre Júlia (a marquesa) e as outras mães da literatura francesa, pois, todas, destilavam sua insatisfação de viver nas costas dos filhos que tiveram.
Ao que tudo indica, nascer na França, em séculos passados, assim como ler os clássico, não era/é muito vantajoso, não.

Ilustração: Bebel Callage

1 commentaire:

Lidiana de Moraes a dit…

Ma cherri!!!
Adorei o seu texto! Primeiro: sao pouquissimas as pessoas com coragem para desancar classicos como tu hehehehe. Por isso te admiro!
E tu escreve de uma forma tao fluida q tu deveria pensar em escrever sobre literatura mais vezes!
Te adoro! bjs