lundi 11 février 2008

Menos Limite


É possível que parte das pessoas que se arriscam a entrar aqui não tenham assistido a Meu nome não é Johnny, ainda. Porém, acredito, todos já devem ter ouvido falar na película e/ou na frase que define a personagem principal:
“Ele tinha tudo, menos limite”.
A história é essa mesmo: um privilegiado membro da classe média (alta) do Rio de Janeiro, puxa um beck na adolescência, da maconha passa a cheirar, depois começa a vender para os amigos e dali para a cidade toda. Sem jamais precisar pisar em uma favela, acabou se tornando um dos maiores vendedores de drogas do asfalto carioca. Tudo fácil assim, sem maiores complicações, até o dia em que foi preso. Mas esta narrativa eu não quero contar. Quem ainda não conhece, visite o site oficial.
Não obstante, por mais nonsense que possa parecer, tenho que admitir que senti um pouco de inveja do sr. João Guilherme Estrella ou, ainda, de sua namorada Sofia e aquela galera toda que aproveitava cada momento, deixando o futuro para depois. Claro, guardadas as devidas proporções. Afinal, não tenho a menor vontade de me drogar, tornar-me uma viciada, muito menos traficante.
A questão toda se encontra nessa palavrinha chave: limite. O tenho em excesso. Chega a ser desgastante, viver nesta eterna preocupação com as conseqüências de cada ato, deixar os minutos passar sem saboreá-los com o devido valor. Parece até que vim ao mundo para servir de platéia, por mais que deseje ser a protagonista.
Para mudar este roteiro, já pensei até em beber, tomar um belo porre, mesmo. O problema é que meu metabolismo não ajuda, o máximo que fico é com sono. A euforia proporcionada pelo álcool se quer passa perto do meu córtex cerebral (sic). Ou seja (cerveja), perdeu playboy (dhã)!
Então só me resta mesmo aproveitar os momentos de êxtase que o cinema é capaz de oferecer. E em Meu nome não é Johnny, são muitos. A começar pelos maravilhosos diálogos que percorrem o filme – como o da noite que João (Selton Melo) conquista Sofia (Cléo Pires). Vale muito a pena conferir, não apenas esta cena, mas todas as outras deste belo produto nacional.

João Guilherme Estrella: Ó lá, ó lá, ó lá minha deusa de marfim!
Godoi: Deusa de quê? De massinha?
J.G.E.: Não, de marfim, Godoi!
Laura: Ó ta sem o varetão(?) de Niterói!
Julinho: Ó se liga, hein, xará?! Acho que o varetão de Niterói pula miudinho na mão dela.
J.G.E.: O que é pular miudinho, brother? Por que isso?
G. A mulher é bailarinha?
J. Bailarina? Hehe... É baladeira, hormonal, saidinha.
J.G.E.: Baladera, hormonal, saidinha, faz maluco perder o sono? É meu número. Vô lá!

J.G.E.: E aí Sophia, tudo bem?
(...)
(...)
Sofia: E aí, conta aí...
J.G.E.: Não... 'tamos aí! E o brunão?
S. O que tem o brunão?
J.G.E.: 'Tá contigo lá em Niteróis, fazendo as coisas dele lá?!
S. 'Cê quer saber se a gente 'tá junto?
J.G.E.: Eu até gostaria, viu!?
S. Você é sempre assim, dá 500 voltas pra chegar em alguém?
J.G.E.: Não, não é que é alguém, é você. Eu fico meio nervoso assim de falar contigo.
S. Ah, pega bem até!
J.G.E.: Ah, então vou seguir nervoso, seguir nesse caminho!
S. E aí, ‘cê sabe que o mundo pode acabar amanhã, né? E a gente tem que curtir a vida, então eu vou te ajudar 'tá? Quer sair comigo?
J.G.E.: Então não é melhor a gente ir logo, antes que o mundo acabe?




P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

1 commentaire:

Comentarista Abalizado a dit…

Eu adoro limites.... gosto de todos os meus limites e dos limites que a sociedade tenta impor aos outros.

Sou um limitador em potencial!

Quanto mais os limites se perdem, mais as pessoas de boa índole são limitadas. Cada vez mais se faz o proibido... e cada vez menos se pode fazer o básico.

Cheirar cocaína pode. Dar um passeio com sua família à noite, não!