lundi 11 février 2008

Coisas que perdemos pelo caminho


Tal como 1933, para Dominic Molise, 2007 foi para mim um ano ruim. Ambos jovens, prestes a conquistar o tão suado diploma e cheios de sonhos, os quais, com o passar dos meses, se destruíram. Porém, fomos até o fim, convictos de nossas escolhas, apesar de transformados pelo árduo percurso. Pode parecer exagero, drama ou tolices de uma menina mimada, para quem está de fora. Ainda assim, não irei me privar deste desabafo, ou melhor, do enterro, sem polpa ou cerimônia, definitivo e protocolar desta data. Nunca foi tão fácil dar adeus aos 375 dias que deixei para trás, nas primeiras horas de 2008. Cada precioso minuto foi “degustado” da melhor forma possível: balançando o esqueleto e sacudindo a cabeleira até as 4 da manhã, ao som de Joan Jett, entre tantos outros. Tudo para espantar qualquer indício de baixo astral. Afinal, ele esteve presente em muitas etapas do meu amadurecimento (?). Como no dia em que apresentei minha monografia à banca examinadora – após muitas noites sem dormir, latinhas de Red Bull e xícaras de café sem efeito. Ouvir os professores dizendo que minha análise, apesar de interessante, era muito jornalista, pouco acadêmica e incompatível com uma monografia, me fez questionar o papel do orientador e perder a fé no ensino real. Demorei um pouco para entender que esse comentário seria a maior prova de que nasci mesmo para ser Jornalista (leia-se: repórter). Contudo, a ziquizira continuou ao meu lado e novamente tive de engolir a seco palavras duras. Desta vez do professor Leonam, no último dia de estágio de Aperfeiçoamento de Texto, dizendo que eu sabia que aquilo (a matéria sobre garotos de programa que esperei um ano e meio para fazer) não era uma grande reportagem. E o pior de tudo é que tive de concordar com ele, embora tenha me empenhado ao máximo (e entrevistado 3 deles) para fazer um bom trabalho, realmente não consegui deixá-la completa (afinal, não foi possível falar com um especialista no assunto). Estes dois episódios me marcaram tanto que dali em diante não consegui fazer nada de forma produtiva. Nem mesmo ler meus autores favoritos parecia prazeroso, quem dirá qualquer outra coisa. Isolei-me em um limbo intelectual. Por outro lado, como uma compensação, o recesso de quase meia década sem beijar chegou ao fim e tive acesso a um dos melhores abraços do mundo. Para quem sabe valorizar pequenos atos, o simples modo como alguém segura a sua mão pode revelar maravilhas e provocar sentimentos inconfessáveis. Mas no mundo real nem tudo é azul e a mesma pessoa que, por ventura, fora capaz de tamanha delicadeza, talvez nunca troque mais do que meia dúzia de frases comigo. E como uma legítima rejection junkie será exatamente este Snoopy quem irá me roubar algumas horas preciosas, que poderiam ser infinitamente melhor aproveitadas. Ainda assim, os segundos continuaram a passar e a recuperação precisou ser feita ao longo do caminho. Sob muitas lágrimas e tentativas de fuga, a ilusão de que até o dia da formatura tudo estaria bem, eu empregada e meus problemas acabados foi diminuindo. Embora, no fim, parte disso até tenha sido verdade e o ano acabado infinitamente melhor do que começou. Todavia, a ingenuidade a respeito da vida foi tirada de mim, ainda que a esperança persista com uma força renovada neste 2008.

Ilustração:
Charuca

P.S. Este texto também está publicado em: DIZem BUCHA

1 commentaire:

Comentarista Abalizado a dit…

Por isso que tento não esperar muito do mundo, da vida, dos anos... só me dedico!

Sei tão bem que sou ótimo, quanto é verdade que a vida e o mundo estão longe de ser.

E ambas são verdades que me confortam.